Fatinha

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O sonho

In humor on 30/07/2009 at 5:39 AM

         Querido Brógui,

          Dizem por aí que os sonhos revelam coisas inconscientes, outros dizem que trazem previsões para o futuro, outros ainda dizem que nada mais é do que um processamento do que foi vivido durante o dia. Não sei, mas vou lhe contar o meu sonho de hoje, que extrapolou os limites do absurdo.

         Eu estava vestida de noiva, num apartamento com as paredes pintadas de cor de laranja, apertada para fazer xixi e conversando com um rinoceronte branco (que falava comigo também).

         E aí?

         Isso é um desejo meu latente de contrair núpcias?

         Eu estava apertada de verdade e meu subconsciente estava me mandando um aviso?

         E o rinoceronte branco falante? O que ele representa?

         Paredes pintadas de laranja? Será algo com o Itaú? Com a Comlurb?

         Me explica?

Vai votar na enquete o não?

In humor on 29/07/2009 at 6:48 AM

Querido Brógui,

Essa é a derradeira semana para os (e)leitores votarem na enquete do dia 04 de julho. Aquela na qual eu pedi a opinião sobre o visual da página, lembra? Pois é. Eu, democraticamente, pedi para você referendar a mudança no look e dei com os burros n’água, o que prova minha teoria de que o povo gosta mesmo é de uma boa ditadura, Fidel e seus neo-seguidores têm razão.

Tudo bem, sei que seu forte não é interagir comigo, que você acha que eu sou uma esquizofrênica que gosta de falar sozinha e que é muito ocupado para gastar míseros trinta segundos para dar um clique no maldito mouse. De qualquer maneira, para seu azar, além de esquisofrênica, sou chata e malcriada e, sendo assim, vê se vota, seu mala preguiçoso!

Um beijo carinhoso de sua sempre doce Fatinha.

Festinha Julina

In humor on 25/07/2009 at 10:15 AM

Querido Brógui

 Eu sempre soube que algumas áreas do meu cérebro não eram bem desenvolvidas. A mais atrofiada delas é aquela responsável pelo raciocínio matemático.

Nunca me dei bem com os números. A Matemática sempre foi um mistério para mim. Tinha um certo interesse em Física, mas cedo percebi que não dá pra dissociar essa disciplina da tal da Matemática. Também acho bacaninhas aqueles probleminhas de raciocínio lógico, mas, qual uma criança de cinco anos, para chegar às respostas, preciso fazer desenhos. O natural então na minha vida foi seguir por outros caminhos, longe, bem longe, dessas coisas exatas.

Quarta-feira, dia da Festa Julina lá da escola. Eu, pronta para dar um golpinho e ficar flanando pra lá e pra cá, fingindo que estou trabalhando. Inadvertidamente, acabei por passar pelo local onde duas queridas colegas tentavam administrar a venda de fichas, aqueles papeizinhos pra comer. Não, não são papeizinhos comestíveis, servem para ser trocados pela comida, entendeu?

O caos já estava instaurado, a fila estava quilométrica e eu, toda solidária, gentilmente me ofereci para ajudar – crente que elas iriam, igualmente gentis, recusar. “Se dei mal”, como diriam meus alunos. Elas aceitaram minha cooperação.

Um cachorro quente, dois milhos, três salgados, um doce, duas brincadeiras e cinco refrigerantes!

Hein?

Um cachorro quente, dois milhos, três salgados, um doce, duas brincadeiras e cinco refrigerantes!

Peraí. Fala devagar que eu me perdi no primeiro milho.

Todos  aqueles atendidos por mim tinham que repetir o pedido pausadamente, enquanto eu pegava os papeizinhos bem devagarzinho pra dar tempo de fazer a conta de cabeça (ou, disfarçadamente, nos dedos). Ô coisa complicada! Pegar tíquetes, fazer a conta, pegar o dinheiro e dar o troco. São muitas tarefas complexas, não tenho inteligência pra isso tudo, muito menos estando de pé e de salto alto (sim, nesse dia eu resolvi ir com aquela minha botinha).

Foi divertidíssimo. Me enrolei toda, demorava horas pra fazer o troco, esquecia o pedido e mandava repetir de novo, ficava que nem barata tonta procurando onde estava o envelope com os papeizinhos carimbados.

Com tudo isso, acredite se quiser, ninguém me mandou praquele lugar, talvez por causa meu sorriso idiota. Um bom sorriso idiota desarma e tem o poder de nos livrar de poucas e boas, experimente.

Como sempre tiro um aprendizado de tudo o que me acontece, o saldo da festa foi positivo: descobri uma série de detalhes tão pequenos de mim mesma.

Que detalhes? 1) Não sirvo pra trabalhar como caixa, já que não sei fazer contas e muito menos dar troco; 2) Também não levo jeito pra garçonete porque não tenho memória suficiente para salvar os arquivos temporários e atender aos pedidos; 3) Também não consigo fazer nada rápido sem dar tudo errado e ter que fazer de novo; 4) Meu mau-humor está mais ou menos sob controle, não dei coice em ninguém; 5) Não tenho mais idade pra ir trabalhar de salto alto.

Lembrete amigo

In humor on 21/07/2009 at 10:53 AM

Querido Brógui,

No dia do amigo, totalmente de graça, um precioso lembrete.

E na arca de Noé...

E na arca de Noé...

Mas também sempre haverá um Noé para lhe proteger.

O sapatolixa

In humor on 16/07/2009 at 11:52 PM

         Querido Brógui

 Como toda mulherzinha que se preza, adoro sapatos. Não compro tantos quanto gostaria, embora compre bem mais do que precisaria.

Sendo assunto de interesse vital para mim, acompanhei as novidades apresentadas na feira de calçados e acessórios que está acontecendo em São Paulo. Você com certeza viu na televisão a matéria que mostra o escarpim com uma lixa de unha embutida no salto, que, usando as palavras do fabricante, “permite que a consumidora conserte a unha quebrada discretamente, só cruzando as pernas”.

A primeira coisa que me veio à cabeça foi o Agente 86 e seu sapatofone. Há décadas atrás, Mel Brooks ridicularizou a possibilidade de imbutir traquitanas no salto dos sapatos. Lembra? Não sabe do que estou falando? Tudo bem, tente ver a reprise no canal 91.

Depois, fiz uma simulação mental do uso da lixa no salto e seus prováveis complicadores, afinal, tenho que prestar esse serviço de utilidade pública. Você pode reproduzir meus experimentos para confirmar ou não minhas brilhantes conclusões.

Tente esfregar uma de suas unhas no salto do sapato e veja se a manobra é assim tão discreta. Tá bem, você é macho, não usa salto alto nem tem unha grande, então esfrega o dedo na sola do sapato, só pra testar. Conseguiu? Parabéns, você é uma pessoa dotada de uma certa flexibilidade. Mas, e quanto ao quesito discrição? Jura que ninguém ficou olhando pra você com cara de pena por parecer que você adquiriu um novo tique nervoso? Ninguém o chamou de porco porque estava colando catota na sola do sapato? Então, tá.

Agora, imagine que você é possuidor de uma barrigueta pronunciada, uma pancinha. Eu sei que não é o seu caso, sua barriguinha parece um casco de tartaruga, só estou pensando em todas as possibilidades. Para poder levar adiante o teste, pegue o seu travesseiro, coloque no colo e tente executar a manobra número um. Conseguiu? Duvido. Só se seu braço for elástico e mesmo assim você não teria contato visual com o salto do sapato e/ou com a sua unha, o que levaria à necessidade de colocar um espelho acoplado no outro pé do sapato. Essa minha experiência me faz concluir que o tal sapato não foi projetado para gordinhas, o que é uma afronta aos direitos humanos, sem considerar a forte carga de preconceito imbutida. Um absurdo!

Entretanto, desprezados todos esse obstáculos, você realmente considera essa ideia uma boa ideia (escrevi duas vezes procê se ligar que “ideia” não tem mais acento, ok?). Compra o tal do escarpim, vai pra Lapa e, na primeira esquina, pisa num baita de um excremento de cachorro, padrão dog alemão. Seu salto com lixa afunda por inteiro. Nesse momento, ao se apoiar em um muro para limpar o salto, sua unha quebra. E aí? Vai lixar a unha? Vai cravar o salto do sapato na testa do dono do cachorro? Vai se matar? E agora, José?

Cômico, trágico e anti-ecológico

In humor on 12/07/2009 at 1:23 AM

Querido Brógui,

Estou pra lá de acostumada a ler os maiores absurdos quando da correção das provas, algumas vezes até me divirto. Esse bimestre, entretanto, não estava com muita paciência para encarar tão árdua tarefa, nem com bom humor suficiente para conseguir rir da burrice alheia, então decidi me poupar desse dissabor. Elaborei questões de múltipla escolha, ou melhor, de dupla escolha. O aluno precisava apenas ler a afirmativa e marcar se esta era certa ou errada. Bem, se em concurso público isso é legítimo, por que não na minha sala de aula?

Fiz as provinhas, achei que estavam bem fáceis, pensei em dar uma dificultada, botar umas pegadinhas, quem sabe colocar mais opções, mas resisti à tentação. Deixa assim mesmo, nunca menospreze a habilidade do alunado para errar o óbvio.

Os resultados foram os esperados, em se considerando que os que vão bem, vão bem escrevendo ou marcando X e os que nada sabem nem querem saber, se ferram até em prova com consulta.

O espantoso não foi isso, o que me chocou dessa vez foi que, por equívoco meu, entreguei para alguns alunos do 7º ano, provas do 6º. Normal, são nove turmas, quatro anos diferentes, um montão de papel misturado, acontece. Anormal é o aluno fazer a prova de uma matéria que não tem absolutamente nada a ver com a que ele está “estudando” e nem se dar conta disso.

Fico me perguntando se eles leram a prova, não sabiam nada mesmo e não saber nada é tão corriqueiro que nem os incomoda mais, ou se eles nem se deram ao trabalho de ler, apenas foram no uni-duni-tê. Quaisquer das opções seria cômica, se não fosse trágica.

Só tenho pena das trezentas e cinquenta folhas de papel que gastei, das pobres e inocentes árvores que morreram em vão. Isso sem contar  o desperdício da tinta da impressora, da caneta e daquela que uso para tingir meus cabelos brancos.

Aprendendo com Sun Tzu

In humor on 05/07/2009 at 1:36 AM

         Querido Brógui,

          Há tempos resolvi acolher os ensinamentos de Sun Tzu. Quem? Aquele chinês que escreveu no século IV a.C. “A arte da guerra”. Lembrou? Pois é. O trecho que mais gosto é quando ele ensina que evitar guerras é mais gratificante que vencer mil batalhas. Interessante como o cara que ensina como vencer uma guerra preconiza que a vitória maior é não brigar. Legal, né?

         Pois bem, não me considero uma pessoa belicosa, mas, apesar disso, dependendo do dia, do estado de espírito, da conjunção astral, uso minhas ferraduras como ninguém. Às vezes perco a cabeça com razão, mas confesso que em muitas ocasiões o que acontece é que incorpora em mim o espírito de porco.

         Ontem, passei na porta de uma daquelas lojas deprimentes que colocam as mercadorias num tabuleiro, na calçada. Sabe como? Fica aquela pilha de roupas, tudo misturado e um bando de mulheres se acotovelando pra escolher? Pois é, Querido Brógui, a que ponto cheguei. Eu me vi atraída por uma blusinha de manga comprida, de qualidade duvidosa, mas que custava a bagatela de R$ 9,99. Bem, para ir trabalhar, tá no quilo. Se resistir a duas lavadas, valeu o preço. Posicionei-me estrategicamente de costas para a rua, para que nenhum conhecido me visse e encontrei uma do meu tamanho.

         Entrei na loja para pagar, fiquei na fila ouvindo músicas evangélicas, saquei uma notinha de dez reais da carteira, entreguei à moça, e nesse momento, o espírito de porco se apossou de minha pessoa. Eu pedi o troco. Como assim? É, eu pedi o troco, quero meu um centavo. A moça me olhou incrédula e eu, na maior cara de pau, falei que se o preço anunciado era R$ 9,99, a loja tinha que estar preparada para dar o troco, caso contrário, deveria arredondar o preço para menos.

         Permaneci com meu umbigo encostado no balcão, empatando a fila, enquanto a moça gritava pro gerente, na intenção de me intimidar: “A criente tá fazendo questão de um centavo!!!!” O espírito maligno ficou ofendido. Saiu fumacinha das minhas orelhas, meus olhos saltaram das órbitas, minha voz adquiriu aquele tom meigo de Clementina de Jesus: “Pode me dar cinco centavos, se não tiver um. Os quatro centavos a mais você toma dos outros que estão na fila.”

          O gerente veio com um saquinho cheio de moedinhas de um centavo (eles têm troco, sim, não dão porque ninguém pede), pegou uma delas com o maior nojo e jogou em cima do balcão. Para azar dele, a moedinha rolou e caiu no chão. Eu olhei pra ele, ele olhou pra mim. Foram segundos de suspense. Finalmente, ele meteu a mão no saquinho e tirou outra moedinha, que colocou na palma da minha mão. O espírito de porco desincorporou e eu agradeci com um sorriso angelical.

         Nem sempre faço isso, mas também não é a primeira vez. Sun Tzu ensina que se deve escolher as suas batalhas, sairá vencedor aquele que sabe quando deve ou não deve lutar. Pelo visto, eu ainda não aprendi.

O que você acha do novo visual?

In humor on 04/07/2009 at 10:40 AM

Querido Brógui

“Um belo dia resolvi mudar…”

O surto da velhinha

In humor on 04/07/2009 at 5:47 AM

      Querido Brógui

       Tenho certeza de que você um dia surtou ao ser barrado na porta giratória de uma agência bancária. Aliás, gostaria de ter notícias de algum bandido que ficou entalado. Eu já larguei minha bolsa do lado de fora e entrei só com o cartão. Sorte que ninguém levou minha bolsa. Já ouvi caso de gente que tirou a roupa na porta do banco e Valerinha entrou escoltada pela polícia.

      Hoje, uma senhorinha, cabelinhos brancos, foi impedida de entrar pelo tal do dispositivo. O segurança, com aquele tom de voz monocórdio, disse: “A senhora pode abrir a sua bolsa?”. A velhinha, passada, deu dois passinhos pra trás, abriu a bolsa, virou todo o conteúdo no chão, ajoelhou-se e começou: “Carteira, chave de casa, lenço de papel, remédio para a pressão, sombrinha, livro de orações, colírio, caixinha de óculos, porta-níqueis…” Ela ia catando as coisas e gritando o que era. Ficou bem cinco minutos agachada dando seu espetáculo enquanto o segurança olhava pra ela com cara de paisagem.

       A galera aplaudiu a velhinha, veio o gerente ver o que era, ela se encheu de moral e começou a fazer discurso, vê lá se eu tenho cara de ladrona, se na minha bolsa vai caber uma metralhadora, que se fosse marginal ninguém pegava, que todo mês era a mesma coisa, que isso era falta de respeito com os idosos, que isso, que aquilo.

      O gerente mandou abrir a porta para a senhorinha. Ela virou as costas, deu uma banana e gritou: “Não quero mais entrar nesse banquinho de M, vou pagar minhas contas em outro lugar!!!”

      Saiu da agência nos braços do povo, com um sorriso vitorioso nos lábios.

Resultado da enquete

In humor on 01/07/2009 at 5:55 AM

Querido Brógui

Após um mês de árduo trabalho braçal, nossa equipe de apuradores conseguiu finalmente contabilizar os 22 votos recebidos na enquete do dia 30 de maio. Tirando eu mesma, são 21 eleitores, que a essa altura do campeonato estão tomando ansiolíticos porque não tiveram conhecimento do resultado.

Em primeiro lugar, com 45% dos votos válidos, o povo acha que os jogadores de futebol milionários estão voltando para o Brasil porque aqui eles conseguem ser titulares, mesmo gordos e cheios de contusões.

Em segundo lugar, com 23% dos votos, o motivo para a revoada de volta é porque eles querem ser felizes e andar tranquilamente na favela em que nasceram.

Empatados em terceiro lugar, com 14% dos votos, são os que acham que é porque eles já deram o que tinham que dar e nada como pendurar as chuteiras num país tropical abençoado por Deus e bonito por natureza e porque a crise mundial não afetou o real como afetou o dólar e mais vale um real na mão que dois dólares voando.

Na lanterninha, com 4% dos votos vem a opção “outros”. Não sei a opinião do eleitor. Acho que deve ter um lugar para ele escrevê-la e, ou ele escreveu e eu não achei ou ele também não achou e não escreveu. Aliás, é um bom tema para a próxima enquete: “O que será que aconteceu com o voto desse eleitor?”

Desta forma, venho, com olhinhos marejados de lágrimas, demonstrar minha gratidão por terem prestigiado minha pesquisa com tanta animação, garantindo o seu sucesso.

Eu nada seria sem vocês, meus (e)leitores, cuja participação é tão importante para mim e sem a qual jamais poderia continuar meu trabalho de base enquanto formadora de opinião das massas intelectuais virtuais do mundo blogueiro, no que concerne às questões vitais para as futuras gerações transgênicas e paralelamente impulsionando a formação de novos paradigmas de desenvolvimento sustentável da etnia humana dentro de um contexto existencialista-niilista fulcrado na nova concepção de contracultura da mata atlântica.

Muito obrigada.