Fatinha

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Aprendendo com Sun Tzu

In humor on 05/07/2009 at 1:36 AM

         Querido Brógui,

          Há tempos resolvi acolher os ensinamentos de Sun Tzu. Quem? Aquele chinês que escreveu no século IV a.C. “A arte da guerra”. Lembrou? Pois é. O trecho que mais gosto é quando ele ensina que evitar guerras é mais gratificante que vencer mil batalhas. Interessante como o cara que ensina como vencer uma guerra preconiza que a vitória maior é não brigar. Legal, né?

         Pois bem, não me considero uma pessoa belicosa, mas, apesar disso, dependendo do dia, do estado de espírito, da conjunção astral, uso minhas ferraduras como ninguém. Às vezes perco a cabeça com razão, mas confesso que em muitas ocasiões o que acontece é que incorpora em mim o espírito de porco.

         Ontem, passei na porta de uma daquelas lojas deprimentes que colocam as mercadorias num tabuleiro, na calçada. Sabe como? Fica aquela pilha de roupas, tudo misturado e um bando de mulheres se acotovelando pra escolher? Pois é, Querido Brógui, a que ponto cheguei. Eu me vi atraída por uma blusinha de manga comprida, de qualidade duvidosa, mas que custava a bagatela de R$ 9,99. Bem, para ir trabalhar, tá no quilo. Se resistir a duas lavadas, valeu o preço. Posicionei-me estrategicamente de costas para a rua, para que nenhum conhecido me visse e encontrei uma do meu tamanho.

         Entrei na loja para pagar, fiquei na fila ouvindo músicas evangélicas, saquei uma notinha de dez reais da carteira, entreguei à moça, e nesse momento, o espírito de porco se apossou de minha pessoa. Eu pedi o troco. Como assim? É, eu pedi o troco, quero meu um centavo. A moça me olhou incrédula e eu, na maior cara de pau, falei que se o preço anunciado era R$ 9,99, a loja tinha que estar preparada para dar o troco, caso contrário, deveria arredondar o preço para menos.

         Permaneci com meu umbigo encostado no balcão, empatando a fila, enquanto a moça gritava pro gerente, na intenção de me intimidar: “A criente tá fazendo questão de um centavo!!!!” O espírito maligno ficou ofendido. Saiu fumacinha das minhas orelhas, meus olhos saltaram das órbitas, minha voz adquiriu aquele tom meigo de Clementina de Jesus: “Pode me dar cinco centavos, se não tiver um. Os quatro centavos a mais você toma dos outros que estão na fila.”

          O gerente veio com um saquinho cheio de moedinhas de um centavo (eles têm troco, sim, não dão porque ninguém pede), pegou uma delas com o maior nojo e jogou em cima do balcão. Para azar dele, a moedinha rolou e caiu no chão. Eu olhei pra ele, ele olhou pra mim. Foram segundos de suspense. Finalmente, ele meteu a mão no saquinho e tirou outra moedinha, que colocou na palma da minha mão. O espírito de porco desincorporou e eu agradeci com um sorriso angelical.

         Nem sempre faço isso, mas também não é a primeira vez. Sun Tzu ensina que se deve escolher as suas batalhas, sairá vencedor aquele que sabe quando deve ou não deve lutar. Pelo visto, eu ainda não aprendi.

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