Fatinha

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Alteração ortográfica

In Sem categoria on 30/09/2008 at 8:41 PM

Querido Brógui

Você sempre teve dificuldades com a língua portuguesa?
Sempre ficou em dúvida na hora de escrever uma palavrinha não-usual?
Relaxe… Tudo sempre pode ser pior. Agora temos as novas regras, oriundas de um acordo internacional firmado pelos países que usam a língua portuguesa como idioma oficial (República de Angola, República Federativa do Brasil, República de Cabo Verde, República de Guiné-Bissau, República de Moçambique, República Portuguesa e República Democrática de São Tomé e Príncipe).
Esse Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, veio para unificar a grafia de algumas palavras que cá eram escritas de uma maneira e por lá, de outra.
O referido Acordo produzirá efeitos somente a partir de 1o de janeiro de 2009, mas convém ir colocando as barbinhas de molho e juntando um trocado para comprar um novo Pai-dos-Burros.
Você achou essa notícia horrível, desesperadora? Não é não. De acordo com o Decreto nº 6583 de 29 de setembro de 2008, já em vigor, a implementação do Acordo obedecerá ao período de transição de 1o de janeiro de 2009 a 31 de dezembro de 2012, durante o qual coexistirão a norma ortográfica atualmente em vigor e a nova norma estabelecida. Isso quer dizer que, temos três anos para reaprender a escrever e, enquanto isso, podemos usar a grafia antiga ou a nova, sem corrermos o risco de nos chamarem de analfabetos.
Agora, você tem noção do rebuliço que deve estar ocorrendo no mercado editorial? É, porque todos os livros publicados terão que ser revisados para se adequarem aos termos do Acordo. Neguinho deve estar querendo matar quem teve essa idéia brilhante.
Afora isso, imagine a situação do nosso povinho, que a duras penas conseguiu aprender a escrever (conseguiu?) do jeito que é hoje… A partir do ano que vem terá que desaprender e depois reaprender. Vai ser coisa para, no mínimo, duas gerações darem conta. Como sempre penso positivamente, talvez o quadro não seja tão calamitoso assim. A maioria da população brasileira não sofrerá os efeitos das alterações ortográficas. Já que escreve tudo errado mesmo, não terá um volume muito grande de informações para deletar do seu disco rígido.

PS: Pra quem estiver a fim de se inteirar, vá no site do Planalto e pegue a íntegra do Dec 6583. É fácil. Tem todas as alterações.

PS 2: Como já disse antes: Fatinha também é cultura.

Como assim?

In Sem categoria on 26/09/2008 at 9:49 PM

Querido Brógui

Marque com um X a afirmativa correta.

Pergunta:  "Como assim?

Olhar incrédulo, suspiro, sorriso forçado.

Você vai ler as duas frases, a que estiver certa, você marca.

Pergunta: "Como assim?"

Olho esbugalhado, taquicardia, sorriso forçado.

Não tem duas frases? Então, uma delas está certa. Você pega o lápis e marca um X nela.

Pergunta: "E a que estiver errada?"

A que estiver errada, você deixa lá, não faz nada com ela.

Pergunta: "Como assim?"

Falta de ar.

Não está errada? Então não precisa fazer nada. Não marca nada. Não faz X. Deixa ela quietinha.

Pergunta: "É pra marcar um X na certa?"

Fogos de artifício.

É.

Pergunta: "Em cima da frase ou do lado?"

Enfarto quase que fulminante.

Cai o pano.

Se mata

In Sem categoria on 25/09/2008 at 12:32 PM

Querido Brógui,

Outro dia, na seção de cartas do leitor do jornal, um cara auto-denominado de lacto-ovo-vegetariano, reclamava porque foi no Outback, pediu uma pasta com frango – sem o frango – e o prato veio com cheiro de frango.
Há várias perguntas que não querem calar. Nem vou começar a falar o quão chato é uma pessoa com restrições a determinados alimentos. Marise vai comer meu fígado. Não, não vai não. Ele não come nada que vem de bichinho morto, mesmo que o bichinho morto seja eu e ela o tenha matado com suas próprias mãos.
A primeira delas é: o que diabos um lacto-ovo-vegetariano foi fazer num restaurante que tem o nome de Outback STEAK HOUSE? No meu inglês macarrônico, entendo que uma steak house serve steak, ou seja: carne. A única resposta que me vem é que o cara não sabia inglês, e, nesse caso, estaria coberto de razão. Foi enganado por essa mania tupiniquim de colocar tudo em inglês, num país onde o povo mal sabe ler em português. Boa explicação? Não. Não convenci nem a mim mesma. Se o cara não sabia o que era uma steak house, no minuto em que pegou o cardápio, poderia ter descoberto o seu equívoco e se retirado do recinto com o rabinho entre as pernas, ou, no máximo, indignado porque o nome do restaurante era em inglês.
Bem, ele não percebeu seu equívoco, ou percebeu e ficou com vergonha de se levantar da mesa e sair, ou então encarnou um espírito de porco – ops! porco não pode, é bicho – e resolver tirar uma onda com o cozinheiro pedindo macarrão com frango sem o frango. Anta! O cara se dispôs a pagar os olhos da cara – ô comidinha cara, a desse lugar – por um prato cujo ingrediente principal ele mandou tirar. Devia ter ficado em casa e, em meros três minutos, cozinhado um miojo. Mais barato e bem menos constrangedor.
Daí, veio o macarrão do cara. Ele comeu aquela merda sem molho algum e, para provar que veio ao mundo para encher o saco dos outros, reclamou que sentiu cheiro de frango no final. Além de burro, espírito de alface, não tem olfato, pois comeu tudinho e só sentiu o cheiro quando já estava lambendo o prato. Será que o cozinheiro, só de maldade, montou o prato dele num que já estava sujinho com os restos do frango de outrem? Não creio. Talvez eu fizesse isso naqueles meus dias de Mae West, ou o cara do botequim em que eu almoço, mas não quem trabalha num estabelecimento desse porte. Acho que o Mala queria mesmo era se eximir do pagamento da refeição.
Então, vamos combinar assim: quer comer pizza? Pizzaria. Quer comer carne? Churrascaria. Quer comer peixe cru? Japa. Se não come nada de origem animal, vegetais só se forem orgânicos e água mineral só se ela vier direto da fonte, se mata.

Confissões

In Sem categoria on 24/09/2008 at 3:18 PM

Querido Brógui

Hoje é dia de confissão. Preparado para a intensa emoção de compartilhar os recôndidos mais obscuros da minha vida?
Tudo começou quando percebi minha ojeriza a tirar fotos. Fotos minhas, claro. A dos outros, não me incomodo não. Não ficam lá muito boas, é verdade, mas a criatura já fica previamente advertida da inaptidão da fotógrafa quando ela pergunta: “Tem que sair a cabeça e o pé, ou eu posso escolher um dos dois?”
Por que eu não gosto de fotos? Primeiro porque não sou fotogênica. Minha cara nunca sai legal e fico arrasada quando dizem que ficou boa. É um raciocínio muito simples: se acho a foto feia e eu tenho aquela cara, fico logo pensando que sou feia também. Coisas de Fatinha.
Segundo, meu irmão sempre diz que quando eu rio para tirar retrato, aparecem trezentos dentes na minha boca. É um elogio (acho) ao meu sorrisão, mas…
Terceiro, em todas as fotos 3X4 eu saio com cara de marginal. Ah, tá. Você também sai. Mas, numa escala de zero a dez, eu seria presa num presídio de segurança máxima e você pegaria um regime aberto.
Quarta razão: minhas olheiras. Elas são potencializadas na fotografia. Se, em condições normais de temperatura e pressão, eu tenho que passar três camadas de corretivo para poder ir no portão de casa sem neguinho pensar que eu levei um soco em cada olho, na foto, fico parecendo um panda.
Não basta?
O quinto motivo é que, nas últimas e infelizes fotos que tirei, reparei que minha cara tá ficando caída. Tipo bochecha de bulldog. Exagero? É, mas já disse: meus retratos potencializam o que há de pior em mim.
Então, essa foi a primeira confissão do dia. Sigamos adiante.
Comprei uns produtos da linha Renew, da Avon. As mulherzinhas sabem do que eu estou falando. São aqueles produtos pra combater rugas, flacidez, manchas na pele, aspecto de cansaço, em suma: a decrepitude normal do rosto. Normal, mas nem por isso bem-vinda.
O que tem isso a ver com as fotos? Tudo. A minha confissão número dois é relacionada com a número um. Nas fotos, além de ver minhas olheiras e a bochecha de bulldog, ainda consegui perceber que pequenas ruguinhas estão se manifestando nas pálpebras inferiores. O que fazer? O que já deveria ter feito, porque também li na revista que os sinais da idade começam a aparecer aos trinta anos. Já estou no atraso.
Com isso, parto para minha terceira confissão do dia: eu peco todos os dias e meu pecado é um dos capitais, a vaidade. E digo mais: se depender de não cometer esse pecado para conquistar o Reino dos Céus, tô lascada. Já era. Faço ginástica, faço dieta, pinto as unhas, o cabelo, compro roupinha da moda, faço maquiagem, limpeza de pele, depilação, uso Renew, creme redutor de celulites, hidratante corporal. Pacote completo. Passagem direta só de ida para o Inferno. Por essas e outras, para compensar, para poder negociar com São Pedro na hora do acerto de contas, faço de tudo para ser uma boa pessoa. Na hora H, acho que Deus vai me perdoar por ser “humana, demasiadamente humana”.
PS: a citação é de Nietsche. Fatinha também é cultura.

Caô pra economizar

In Sem categoria on 23/09/2008 at 11:51 AM

Querido Brógui

Viva a concorrência! Com isso, nós, consumidores, temos a nosso favor um poderoso instrumento de barganha. Tá caro? Manda cancelar. Ligue para a administradora de cartões de crédito, para o provedor de acesso à internet, para a companhia telefônica, para todas as empresas as quais você sustenta com assinaturas e MANDE CANCELAR! Eles nunca cancelam antes de perguntar por que. Daí você conta uma churumela, diz que tá desempregado, enche o ouvido do atendente de lágrimas, diz que não precisa do serviço e que o concorrente lhe ofereceu vantagens irrecusáveis. Caô total. Em alguns minutos você consegue isenção de pagamento, descontos, promoções e economiza uma graninha daqui, uma graninha dalí…

Hoje consegui um desconto de vinte reais numa mensalidade. Micharia? Em um ano, terei economizado duzentos e quarenta. Mais que o suficiente para comprar uma bolsa ou dois sapatinhos ou um final de semana numa pousadinha meia-bomba ou três tanques de combustível ou doze escovas no cabelo…

Tá dada a dica da pirangueira-chefe.

PS: não sabe o que pirangar? Na minha terra, Recife, é o mesmo que negociar pra economizar um troco. Fatinha também é cultura.

Nem Pollyana suportaria

In Sem categoria on 16/09/2008 at 7:06 PM

Querido Brógui

Todas as células que compõem o meu corpo odeiam funk. Todas elas, sem exceção. Nada pior do que ouvir funk, como ouvi, quatorze horas seguidas, a ponto de eu desejar ardentemente ser surda. Acho que a nova arma de guerra dos traficantes que dominam o Morro dos Macacos é o enlouquecimento dos moradores das adjacências. Soube de um vizinho que ligou pra polícia. Sabe o que o atendente disse? Que já tinha recebido inúmeros telefonemas, mas a polícia só poderia ir lá verificar se o denunciante fosse junto. Agora, imagine a cena: chega o denunciante, vulgarmente conhecido como X-9, acompanhado de um PM e manda desligar o som. Tem noção?
Bem, voltando ao tema dessa edição, dizia eu que o funk era o que havia de pior no mundo. Mas, pensando melhor, há coisa pior: propaganda eleitoral. Cruel mesmo é constatar que, quando o Cão resolve fazer o seu trabalho, o faz direitinho. Que tal juntar as duas desgraças e divulgar o nome e número do infeliz do candidato, no ritmo do funk, usando um carro de som?
A essa altura, você, Querido Brógui, deve estar solidariamente meneando a cabeça e pensando que isso é o fim da picada. Eu lhe digo: não, não é. Tente figurar o que você sentiria ao ficar preso num engarrafamento, dentro de um coletivo, ao lado do tal carro de som? Achou ruim? Pois não acabou.
Depois de cinqüenta minutos de tortura auditiva, levando guardachuvada e pisão no pé, você finalmente desce do ônibus. E o que faz imediatamente? Começa a cantarolar aquela coisa do Demo e quando percebe o que está fazendo finalmente se toca que a lavagem cerebral existe mesmo e você acaba de sofrer uma.
Não há células suficientes no meu corpinho para comportar tanto ódio. E olha que eu estou na minha fase zen-Pollyana-Heidi.

Pensamento legal

In Sem categoria on 02/09/2008 at 2:30 PM

Querido Brógui,

Outro dia, conversando sobre relacionamentos com um colega, ele soltou: "quem diz que quer se relacionar, mas não quer se envolver, tem que namorar uma planta."

Genial!

Errata

In Sem categoria on 02/09/2008 at 10:48 AM

Querido Brógui

Mamãe acaba de me alertar que misturei tudo. Na verdade, quem foi morar com o avô rabugento no topo de uma montanha foi Heidi, Pollyana foi morar no sótão de uma tia má. Eu inventei uma terceira estória juntando as duas meninas órfãs, boazinhas e que sofriam mais que suvaco de aleijado. Tudo bem. Considerem como licença poética.

PS: A criadora do jogo do contente foi Pollyana mesmo, o mérito de Heidi foi transformar o velho rabugento num vovô gente boa.

Pollyana

In Sem categoria on 02/09/2008 at 10:21 AM

Querido Brógui

Há décadas atrás, quando eu ainda era uma criança, li um livro chamado “Pollyana”. Você já leu? Então vou fazer uma síntese: Pollyana é uma menina pobrinha, órfã, que foi morar com o avô rabugento numa montanha sei lá onde (detalhes assim eu não lembro). O fato é que a menina tinha tudo para que pudéssemos chamá-la de coitadinha, tinha tudo para ser rebelde, menor infratora, mas ela OPTOU POR SER FELIZ.

Pollyana inventou um jogo, o “jogo do contente”. Um Natal, quando ela ainda morava no orfanato, as crianças receberam presentes que vinham num barril. A ela coube uma muleta. Ela não precisava de muletas, então ficou feliz pelo presente exatamente por isso: porque ela podia andar sem usar as tais. Sempre achei isso muito bacana. Ser feliz mesmo quando a vida insiste em nos dar motivos para reclamar da sorte.

Não tenho uma vida como a da Pollyana, tô muitíssimo longe disso, mas há momentos em que me pego reclamando da vida e, cá pra nós, isso não tem sentido algum. De uns tempos pra cá, venho exercitando (com adaptações) o jeito Pollyana de ser. Continuo com minhas ironias (que é uma maneira toda especial de fazer graça com o que não tem a menor graça). Tenho ainda meus momentos de fúria, chuto perna de mesa e coisa e tal. Mas tento sempre encontrar o melhor ângulo de visão para o que me aborrece.

Ontem mesmo eu estava no Fórum, andando pra lá e pra cá, quilômetros e quilômetros naquele labirinto de Creta, pronta para encontrar o Minotauro a qualquer momento. Quando ensaiei um putaquepariu, rapidamente Pollyana incorporou e agradeci por estar ali, andando que nem uma cachorra. Agradeci por ter um trabalho que me garante uma graninha. Agradeci por ter pernas para andar. Isso me deu forças para voltar ao cartório e esperar para obter a informação que queria.
Nada na vida vem só com bônus. Isso é só para as ONG’s. Não sou uma ONG, infelizmente. Não posso ter o melhor de todos os regimes jurídicos (pronto: baixou agora a advogada). Traduzindo: não posso querer ter as benesses sem arcar com os ônus delas decorrentes.

Precisa acordar para ir trabalhar? Agradeça, você tem um emprego. Mas o dinheiro é pouquinho? Agradeça, você tem um emprego.
Seu ex-marido é um merda? Agradeça, graças a ele você teve seus filhos. Seus filhos lhe enlouquecem? Agradeça por eles terem saúde para isso. 
Você queria ir à praia e choveu? Agradeça por poder ficar em casa arrumando seu armário. Agradeça por ter coisas para arrumar.


Então é assim. Agradeça sempre. Agradeça por tudo. Jogue o jogo do contente. Pollyana está certa.

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