Fatinha

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Chega de desgraceira!!!!

In humor on 29/03/2009 at 5:35 AM

        Querido Brógui

 

        Finalmente chegou a chamada meia-estação e eu já estou começando a me inteirar do que vai se usar esse ano. Fútil, eu? Sim, Querido, Frivolidade é meu nome agora.

Já tinha cantado essa pedra há alguns meses, mas agora, é pra valer. Abrir o jornal, ou melhor, nem abrir, ver logo na primeira página o que anda por aí, em particular no nosso país varonil, tava me dando depressão. É um desfile de mortos-vivos, parece filme de terror. Aquelas figuras outrora banidas da política, estão por aí, pelos corredores do Brasília, rindo de orelha a orelha (eu também estaria, se lá tivesse sido colocado de volta pelos braços do povinho de mierda que votou em mim, mesmo sabendo ser eu um desclassificado).

        A bandalheira, a roubalheira dos cofres públicos, a cara de pau com que as figuras justificam o injustificável, é pra deixar qualquer budista de cabelo em pé, querendo parar na primeira favela, comprar um metralhadora de uso exclusivo do exército e mandar ver.

O senador dizer que o fato de emprestar o celular do Senado pra filha que ia viajar pro México de férias foi uma atitude de amor paterno foi o fim da picada. Tudo bem, mande sua filha pra onde quiser, com quantos celulares quiser, mas não queira me convencer que eu tenho que pagar a conta. Não satisfeito, ele ainda disse que pagou a fatura do celular, mas se recusou a mostrar o recibo porque isso era uma invasão de privacidade. Como assim? Dar conta do dinheiro público é questão privada agora?

        Somando-se aos bandidos de terno, temos agora a nova moda da pedofilia, do assassinato de ex-mulheres, do tiroteio no meio da rua em plena luz do dia, dos habeas corpus distribuídos a torto e a direito a qualquer um que tenha dinheiro pra pagar um bom advogado, da queda de braço entre o poder público e aqueles que acham que tudo bem destruir a Mata Atlântica pra construir casas ou fazer puxadinhos no meio da calçada.

Então, como eu sou pacifista, decidi, desta vez é pra valer, que meu mundo agora será o mundo das celebridades, dos desfiles de moda, das dicas sobre beleza. Pra não dizer que vou emburrecer de vez, restam-me os livros, mas nada de livro-cabeça sobre a vida miserável das mulheres indianas ou muçulmanas, nem nenhum estudo analítico acerca da repercussão sócio-econômica do aquecimento global na vida das crianças molestadas sexualmente.

E ponto final, que essa conversa tá muito intelectual pra mim.

       

PS

In humor on 23/03/2009 at 1:33 AM

Querido Brógui

Esqueci de mencionar na edição Radiohead e Caetano que minha ida ao posto médico teve fundo musical. Eu estava lá na hora do “tris” (o bis ainda consegui ver sentada, encostadinha na grade, através dos furinhos dela). Enquanto estava deitada na maca, sendo espetada por um suspeitíssimo auxiliar de enfermagem e repetindo “eu não estou bêbada, eu não estou bêbada”, ouvi ao longe : “What the hell I’m doing here?”. Fala séééério, o cara não estava cantando “Creep” pra mim?

Radiohead e Caetano

In humor on 22/03/2009 at 9:40 AM

Querido Brógui

Ontem fui ver o show do Radiohead. Muitcho bom e minha opinião é totalmente imparcial porque não sou fã da banda. A bem da verdade, nem conhecia as músicas, o que me leva novamente àquela angústia que sinto quando percebo que não conheço tudo de bom que há no mundo e, pior, talvez não dê tempo. 

Como fui parar lá? Fui a convite, e sabe como é, só recuso convite pra baile funk e pagodinho de corno, o resto, tô dentro. Afora as músicas, a banda, a  luz do show é algo de sensacional. Hoje o show é em SP. Sugiro que vá, se não puder, veja no Multishow, vai passar ao vivo. Não assina Multishow? Vai na casa do vizinho, oferece umas cervejas que ele cede um cantinho no sofá procê.

O que Caetano tem a ver com isso? Você nem vai acreditar. Adivinha quem estava ao meu lado, no meio do povão? Ele, o cara. Estávamos, eu e Caetano, encostadinhos na grade que isola a mesa de som e ele estava disposto a alí permanecer até o fim, apesar dos chatolinos que insistiam em incomodá-lo. Neguinho não se manca que um artista famoso tem o direito de curtir um show, tranquilamente, com o filho,  sem ter que distribuir beijos, abraços e sorrisos a pessoas que ele nunca viu mais gordas. Lá pelas tantas, alguém que estava dentro do cercadinho o viu e o convidou a entrar. E lá foi ele, me deixando só, encostadinha na grade. Quem pode, pode.

PS: o fim da noite foi mico total: eu que não uso drogas lícitas ou ilícitas nem como gordura saturada, fui parar no posto médico, com hipoglicemia e pressão baixa. Diagnóstico: fome. Tomei soro na veia, glicose e injeção de Plasil. Pena que não tinha um  remedinho anti-vexame-restaurador-de-dignidade.

O dia internacional da mulher

In humor on 09/03/2009 at 1:28 AM

Querido Brógui

 

Hoje é o dia internacional da mulher e um amigo meu, inconformado com essa deferência dada ao sexo frágil, rebelou-se e disse que também queria um dia para os homens.

Propus a ele um negócio da China: ele fica com o dia 8 de março e leva de bônus os hormônios derrubadores, a dupla jornada de trabalho, a celulite, a gravidez, a depilação e a manicure, o salto alto, a obrigação de ser bonita-gostosa-inteligente-culta-independente-mãe e ainda conservar sempre um sorriso nos lábios porque se reclamar é chata e a eterna dieta.

Ele não topou.

Por que será?

 

PS: adoro ser mulher, mas dá um trabaaaaaalho… Como diria o “velho deitado”: comer tatu é bom, pena que dá dor nas costas.

PS 2: como professora de História, cumpre esclarecer o porquê da homenagem às mulheres: No Dia 8 de março de 1857, operárias de uma fábrica de tecidos, situada na cidade norte americana de Nova Iorque, fizeram uma grande greve. Ocuparam a fábrica e começaram a reivindicar melhores condições de trabalho, tais como, redução na carga diária de trabalho para dez horas (as fábricas exigiam 16 horas de trabalho diário), equiparação de salários com os homens (as mulheres chegavam a receber até um terço do salário de um homem, para executar o mesmo tipo de trabalho) e tratamento digno dentro do ambiente de trabalho. A manifestação foi reprimida com violência. As mulheres foram trancadas dentro da fábrica, que foi incendiada. Aproximadamente 130 tecelãs morreram carbonizadas, num ato totalmente desumano.

Essa homenagem foi oficializada pela ONU no ano de 1975. Levaram mais de cem anos para isso. Coisa de homem, sempre lento (hehehe). Se a ONU fosse gerenciada por nós, em menos de 24 horas teríamos dado conta da questão e ainda daria tempo de pegar as crianças na escola, fazer um jantarzinho especial para o marido, caprichar na maquiagem e na lingerie e estaríamos animadíssimas para um sexo selvagem antes de dormir.

 

O inferno é aqui

In humor on 07/03/2009 at 9:03 AM

sol2Rio registra recorde de calor: 39,3° C

 

Rio – O Rio registrou nesta sexta-feira a máxima do ano, com a temperatura chegando a 39,3°C na Praça Mauá, de acordo com a Instituto Nacional de Metereologia. O recorde anterior havia sido no dia 27 de fevereiro, com 38,5°C. Segundo metereologistas o calor escaldante é normal neste época do ano, e sua permanência se deve à força da massa de ar quente sobre a região. “Com a presença de uma frente fria que avança pelo litoral paulista, a cidade do Rio ficou em situação pré-frontal, o que favoreceu o aumento do calor, que já era forte nos últimos dias”, diz o Climatempo.

            Querido Brógui

 

         O inferno é aqui, ou se não for, deve ser uma das suas filiais.

         Essa notícia sobre o clima no Rio eu peguei numa página de jornal só pra introduzir o assunto e situar aqueles que, por sorte, não estão na Cidade Maravilhosa e por isso não têm passado o perrengue que nós cariocas temos passado.

         Quem, como eu, acorda às seis horas da manhã já com o desodorante vencido, sabe bem o que é encarar um dia de labuta dentro de um forno crematório. Banho? Só funciona enquanto estou debaixo do chuveiro. Ao me secar, não sei ao certo se estou secando o suor ou a água.

Os mais felizardos, que trabalham em um ambiente climatizado, fresquinho, só sofrem no trajeto de ida e de volta. Eu, corna de carteirinha, dou aulas em uma sala cuja janela emperrada não abre e que possui apenas um ventilador na parede, muito útil para espalhar o bafo quente. Nem vou entrar em detalhes ao mencionar os odores que exalam dos adolescentes na volta do recreio. Os pobres já têm os hormônios jogando contra, no calor… pense.

         Ao meio dia, na troca de turno e de escola, vou pegar o Tigrão, estacionado estrategicamente no sol. Sim, porque corna que é corna para o carro em um estacionamento descoberto. Dentro do veículo, a temperatura passa dos cento e cinqüenta graus, o suficiente para me lembrar que sou proprietária de um carro 1.0 que, ou anda, ou refresca seu interior. Estou pensando seriamente em levar marmita e deixar esquentando no painel. Ligar o ar condicionado é bobagem, serve apenas para gastar mais combustível: nada acontece. O jeito é abrir os vidros e tentar se refrescar com o ar quente que entra.

         A essa altura do campeonato, minha alma já está suada, melada e fedida. Qualquer que seja a roupa que eu coloque, ao meio dia está um lixo. Ou melhor, uma lata de lixo, porque o lixo sou eu mesma. Faço uma tentativa de higienização com lencinhos umedecidos, que entram em ebulição ao contato com meu corpo.

         A reportagem diz que a temperatura foi de 39.3 º. Mentira. Hoje, quando passei por um termômetro, marcava 45º.  Na sombra. O que eu não entendi muito bem foi a parte que diz que o calor escaldante é devido a uma frente fria no litoral paulista. Quer dizer que o frio em São Paulo causa calor no Rio? Então, a culpa de eu estar quase morrendo torrada é dos paulistas? Só podia ser. (desculpe aí, Bruce e Diana. Perco os amigos mas não perco a piada).

 

PS: o que vem a ser uma “situação pré-frontal”?

PS 2: gostou da foto do Astro Rei? Diretamente do site da Nasa.

PS 3: não acha uma coincidência esquisita o título desse post ser “O inferno é aqui” e o número de visitas hoje ser 666 (o número do Cão)? Credo! Até rezei um Pai Nosso por nós.