Fatinha

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Oxigenando o cérebro

In humor on 26/07/2011 at 1:20 PM

Querido Brógui,

Dizem que é bom oxigenar o cérebro. Antes que você entre em pânico, não, não descolori os cabelos. Vai que o mito da loura é real? Na atual conjuntura, que ando esquecendo, trocando e misturando todas as informações, melhor não facilitar.

O que eu queria mesmo era poder fazer uma limpeza de disco em mim mesma. Dar uma faxina no HD, depois passar um desfragmentadorzinho básico e pronto. Talvez assim meus surtos de arteriosclerose fossem menos frequentes. Também precisaria de um HD externo. De preferência beeeem jovem, bonito, sarado e com a cabeça completamente vazia. Seria responsável por guardar as minhas lembranças e resgatá-las quando necessário. Acho que posso arrumar um desse na academia. E por falar em academia, volto ao foco do post. Aliás, se antes eu era completamente desconectada, prolixa e avoada, agora então… Deixa eu voltar pra academia.

Pois bem: ando de saco cheio de ficar fazendo musculação e já caí na real que aquele corpinho de sereia musculosa que eu tinha há algum tempo não vai voltar mais, mas ao mesmo tempo sei da urgência que é colocar as toxinas pra fora, junto com a energia negativa, os bofes e tudo o mais. Somado a isso, li numa revista super-cabeça que exercício aeróbico oxigena o cérebro. Ok, isso é tudo de que mais preciso no momento.

Troquei a musculação pelas aulas de ginástica localizada – que pelo menos têm hora pra começar e, principalmente, para acabar -, precedidas de vinte kilômetros de vigorosas pedaladas. No que concerne às pedaladas, são bem eficazes para meu intelecto, visto que aproveito pra colocar a leitura em dia. Já as aulas…

Como meus horários disponíveis não possibilitam regularidade alguma, vou quando dá e pego as aulas de diferentes professoras. A minha preferida é uma fofa, boazinha, risonha, que conversa enquanto conta as repetições. Perde as contas, perde o ritmo, mas saio andando.

A outra é uma fraulein nazista. Malvada, inventou de me fazer pegar caneleiras pesadíssimas, barras absurdas e finalizar com trilhões de abdominais. Saí da aula com vontade de vomitar, de perna bamba e incapaz de segurar o volante do carro. Acredito que ela deve treinar os caveiras do BOPE, e quando olhou pra mim furiosa e berrou: “Com esse pernão, já tá cansada? Vambora! Só mais vinte repetições! Mais carga! Raça! Sangue!” … Não voltei mais. Fiquei com medo dela.

A última já é uma senhora, e eu, preconceituosa, pensei que ia ser moleza. Foi a aula mais longa de todas. Meus olhos, grudados no relógio que, parado, ria de mim, ficaram empapados de suor. As lentes de contato tentaram, sem sucesso, se matar pulando das órbitas. No final, pra descansar, ela ainda fez um alongamento daqueles que nem praticante de ioga consegue acompanhar.

Olha, não sei bem se esse negócio tá funcionando muito. Acho que desidrato mais do que oxigeno. O efeito prático tem deixado a desejar: só essa semana marquei – e desmarquei – compromissos para o mesmo dia e mesma hora. Acho que vou mudar de estratégia: do lado da academia tem um salão. Quem sabe?

Mico-Brasil

In humor on 22/07/2011 at 5:36 PM

Querido Brógui,

Já ouviu falar no tal do risco-Brasil? O tal do índice de confiabilidade? Pois é. Eu acabo de criar um outro índice: o mico-Brasil. De acordo com esse novo indicador, a pontuação da patriamada sobe a cada novo mico pago. Estamos muitíssimo bem cotados.

Só essa semana pagamos dois dos bem grandes: a vexatória derrota da seleção aviária, que conta com patos, gansos, frangos e pavões. Todos os jogadores demonstrando extrema preocupação em ostentar penteados ridículos, inventar dancinhas imbecis e engravidar pistoleiras. Logicamente, não sobra muito tempo pra jogar futebol que preste. A eliminação sem conseguir fazer nem gol de pênalti, valeu bônus na cotação mico-Brasil.

Na esteira da eliminação na Copa América, a seleção que representa o Brasil nos jogos militares também tomou um pau. Da Argélia! Levaremos também bonificação na pontuação se não conseguirmos nem a medalha de bronze.

Também nos fazendo subir no ranking, temos o “naufrágio” dos portos na Amazônia. Segundo li, o Ministério dos Transportes – sempre ele – justificou dizendo que as obras não suportaram a cheia dos rios. Ã? Deixa ver se entendi: os portos fluviais não aguentam cheias. Mico total.

Para nos fazer alcançar grande pontuação, temos o furto de uma grana na sede da Polícia Civil do Rio de Janeiro, mais precisamente de dentro da gaveta do delegado. Não se sabe se foram cinco mil ou quinze mil reais, mas pra mim, isso pouco importa. O próprio delegado ser vítima dentro de sua delegacia vale pontuação mical. Aliás e a propósito, o que fazia essa grana toda, cash, dentro da gaveta do delegado? Hein? Para pagar obras em sua residência? Ah, tá.

Por último, hoje, menciono o atraso nas obras do Arco Metropolitano do Rio devido a um impasse sui-generis: o traçado passa bem em cima de uma área de proteção ambiental onde residem pererecas raras. A obra está parada enquanto se decide o que fazer com as pererecas: passar com o trator por cima delas, desviar o arco pro outro lado e aí ele deixar de ser um arco ou fazer um viaduto. Fala séééério! Cadê o engenheiro que não se tocou da existência de pererecas no caminho?

Fico por aqui, mas você está convidado a contribuir me contando outros casos que considere dignos de pontuação no mico-Brasil.

Em defesa do ócio produtivo

In humor on 22/07/2011 at 4:43 PM

Querido Brógui,

Bem, então, afinal, começará o recesso escolar. RECESSO, não férias. Depois que aumentaram em mais de cem o número de dias letivos obrigatórios, provavelmente baseados na ideia de que quantidade é indício de qualidade, as férias escolares do mês de julho ficaram reduzidas a uma semaninha, que mal dá pra tomar fôlego para o próximo semestre – e nem quero me lembrar que no mês de agosto não tem um feriadinho sequer!

Foi-se o tempo que esse mês era consagrado aos deuses do ócio. Santo ócio que servia para descansar o corpo e o espírito e controlar nos professores seus instintos assassinos. Santo ócio que fazia com que as crianças repousassem o cérebro – se bem que o cérebro delas vive em permanente repouso, sempre no stand by. Nem venha me dizer que no Japão neguinho, quer dizer, amarelinho, tem férias de quinze dias anuais e é por isso que o país é desenvolvido. A razão do desenvolvimento deles não é só essa, mas depois eu falo sobre isso.

Seja lá como for, levanto a bandeira do ócio produtivo. Quando eu estava em idade escolar tinha três meses de férias por ano e nem por isso minha vida acadêmica ficou comprometida. O fato de ficar afastada dos bancos escolares por noventa dias nunca prejudicou meu intelecto, muuito pelo contrário, acho que eu e todos os que viveram esses bons tempos são infinitamente mais eficientes do que essa nova geração, que não consegue juntar lé com cré.

O não fazer nada não significa exatamente não fazer nada. Nesse não fazer nada a que me refiro, incluo ler vários livros que estão pegando poeira na estante, ir ao cinema, ver a quantas anda a programação dos centros culturais da cidade, colocar a vida social em dia e, logicamente, dormir – isto é fundamental, comprovado cientificamente.

Infelizmente, os detentores de mandato legislativo por nós outorgado, aqueles mesmos que só trabalham três dias na semana, acreditam que o fracasso escolar é culpa dos professores que não querem trabalhar. Cambada de vagabundos que conta nos dedos os dias pra se aposentar – e rezando todos os dias para não acabarem com a paridade! Sendo assim, ganhando um pentelhésimo do que eles ganham, precisamos nos matar em prol do desenvolvimento nacional. Visão bem limitada e simplista, bah!

Saindo do tom revoltex e assumindo um mais ameno, digo-lhe que pretendo aproveitar bem esses dias. Não vou viajar, não no sentido literal, minha viagem dessa vez será pra dentro de mim mesma. Tomara que eu não me perca de vez!

O retoque de raiz

In humor on 10/07/2011 at 10:20 AM

Querido Brógui,

Ando tomando vitamina C todos os dias pela manhã pra ver se driblo o tempo frio. Conforme pude comprovar empiricamente, o frio carioca é infinitamente mais assassino que o frio europeu. Pegar temperaturas beirando o zero – um pouco mais, um pouco menos – não me causaram grandes contratempos além de eventualmente ter que assoar o nariz congelado. Não pelo nariz congelado propriamente dito, mas segurar lencinho de papel com luvas exige uma certa maestria.

Há dois dias atrás fui retocar a tintura da raiz dos meus cabelos. Já pensei inúmeras vezes em rapar a moita toda com um aparador de grama e deixá-lo à vontade, grisalho mesmo, só pra me alforriar, mas a vaidade me impede – por enquanto. Como estou órfã de cabeleireiro, já que o meu sumiu sem deixar rastros, marquei hora num salãozinho meia-bomba que tem aqui perto de casa. Ao menos pouparia tempo de deslocamento, pensei eu. Ledo engano.

Já comecei a me descompensar quando tive que esperar meia hora até que a moça acabasse de fazer uma escova em outra cliente. O negócio já começou mal, devia ter lido e interpretado os sinais divinos, mas ainda encontro-me na fase do analfabetismo funcional nessa área. É impressionante como os horários – quaisquer horários – são sistematicamente desrespeitados com uma naturalidade singela, como se fosse a coisa mais normal do mundo deixar alguém esperando, como se esse alguém não tivesse mais nada pra fazer além de ficar à sua disposição. Taí uma coisa que amo na Europa. Os relógios lá são usados não apenas pra enfeitar.

Bem, finalmente fui atendida e disse à moça exatamente o que eu queria: retoque de raiz na cor do meu cabelo. Nenhuma presepada, nada de reflexos, luzes, abrir o tom, fechar. Nada. Mete um castanho aí e estamos conversadas. Ela aplicou a tinta, esperei, enfrentei galhardamente o lavatório que só dispunha de água gelada e, findo o processo, verifiquei que meus cabelos haviam ficado manchados. Os inimigos, como chamo os cabelinhos brancos, nem tchum. Ela se dispôs a retocar o retoque, mas já era tarde e eu ainda tinha que ir dar aula. Secou o cabelo mais ou menos, corri pra casa e fiquei de voltar no dia seguinte para que ela consertasse a caca que fez.

No dia seguinte, como se eu não tivesse duas toneladas e meia de provas pra corrigir, me enfiei de novo no salão. Puxa daqui, olha dali, serviço feito, cabeça lavada novamente com água gelada, os cabelos ficaram pretos como as asas das graúna.

Saldo final da empreitada: couro cabelo coçando – deve estar todo queimado de tanta amônia que levou dois dias seguidos – nariz entupido, garganta doendo e aparência de Mortiça da Família Adams. Da próxima vez faço em casa mesmo, como sempre o fiz. Manchado por manchado, pelo menos no meu chuveiro tem água quente.

Tentando me inserir

In humor on 05/07/2011 at 6:18 PM

Querido Brógui,

Eu bem que tento me inserir – quer dizer, mais ou menos tento – no mundo virtual. Minha última gracinha foi fazer um cadastro no tal do Twitter, com a alcunha “queridobrógui”. Consegui apenas um seguidor – que acho que o fez apenas pra me agradar, mas obrigada assim mesmo. Isso prova empiricamente que meus honoráveis leitores, como eu, não têm tempo nem paciência pra ficar “seguindo” alguém pela internet, fiscalizando o que se passa minuto a minuto em sua vida. Por outro lado, não houve também o que seguir, já que também “twitttei” míseras vezes, talvez porque eu não seja uma “celebridade” que transforma uma ida ao banheiro em um grande evento digno de ser compartilhado com toda a população mundial. O fato é que o meu Twitter é criança natimorta. Tadinha!

A outra graça que fiz foi criar um clone do Querido Brógui no blogspot, como você deve ter percebido. Particularmente acho que o visual do wordpress é mais bonitinho, mas me disseram que no blogspot eu posso fazer uma inscrição pra permitir anunciantes e ganhar uns trocados, o que me leva a, mais uma vez, declarar publicamente minha imbecilidade cibernética: quem disse que consegui descobrir como faz isso? De todo o jeito… Depois você me diz se prefere o original ou a cópia pra eu resolver em qual deles continuo fazendo minhas publicações, porque obviamente que não terei saco pra ficar alimentando dois blogs, nem você o terá pra ler a mesma coisa duas vezes.

Por último, estou precisando estudar informática e encontro-me atracada com o tal do Excel, que é tão chato como legal. Chato porque tenho que ficar futucando pra entender e legal porque é muito legal ver as funcionalidades do programa. Não que eu precise fazer planilhas a torto e a direito, mas, como disse no início do parágrafo, preciso estudar isso, não uma questão de vontade.

Então, chego ao fim do post de hoje dizendo mais uma vez que esse negócio de computador continua sendo ainda um maravilhoso mistério pra mim, a ser desvendado de acordo com minhas necessidades, que, graças a Deus, são bem básicas.