Fatinha

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Mico-Brasil

In humor on 22/07/2011 at 5:36 PM

Querido Brógui,

Já ouviu falar no tal do risco-Brasil? O tal do índice de confiabilidade? Pois é. Eu acabo de criar um outro índice: o mico-Brasil. De acordo com esse novo indicador, a pontuação da patriamada sobe a cada novo mico pago. Estamos muitíssimo bem cotados.

Só essa semana pagamos dois dos bem grandes: a vexatória derrota da seleção aviária, que conta com patos, gansos, frangos e pavões. Todos os jogadores demonstrando extrema preocupação em ostentar penteados ridículos, inventar dancinhas imbecis e engravidar pistoleiras. Logicamente, não sobra muito tempo pra jogar futebol que preste. A eliminação sem conseguir fazer nem gol de pênalti, valeu bônus na cotação mico-Brasil.

Na esteira da eliminação na Copa América, a seleção que representa o Brasil nos jogos militares também tomou um pau. Da Argélia! Levaremos também bonificação na pontuação se não conseguirmos nem a medalha de bronze.

Também nos fazendo subir no ranking, temos o “naufrágio” dos portos na Amazônia. Segundo li, o Ministério dos Transportes – sempre ele – justificou dizendo que as obras não suportaram a cheia dos rios. Ã? Deixa ver se entendi: os portos fluviais não aguentam cheias. Mico total.

Para nos fazer alcançar grande pontuação, temos o furto de uma grana na sede da Polícia Civil do Rio de Janeiro, mais precisamente de dentro da gaveta do delegado. Não se sabe se foram cinco mil ou quinze mil reais, mas pra mim, isso pouco importa. O próprio delegado ser vítima dentro de sua delegacia vale pontuação mical. Aliás e a propósito, o que fazia essa grana toda, cash, dentro da gaveta do delegado? Hein? Para pagar obras em sua residência? Ah, tá.

Por último, hoje, menciono o atraso nas obras do Arco Metropolitano do Rio devido a um impasse sui-generis: o traçado passa bem em cima de uma área de proteção ambiental onde residem pererecas raras. A obra está parada enquanto se decide o que fazer com as pererecas: passar com o trator por cima delas, desviar o arco pro outro lado e aí ele deixar de ser um arco ou fazer um viaduto. Fala séééério! Cadê o engenheiro que não se tocou da existência de pererecas no caminho?

Fico por aqui, mas você está convidado a contribuir me contando outros casos que considere dignos de pontuação no mico-Brasil.

Em defesa do ócio produtivo

In humor on 22/07/2011 at 4:43 PM

Querido Brógui,

Bem, então, afinal, começará o recesso escolar. RECESSO, não férias. Depois que aumentaram em mais de cem o número de dias letivos obrigatórios, provavelmente baseados na ideia de que quantidade é indício de qualidade, as férias escolares do mês de julho ficaram reduzidas a uma semaninha, que mal dá pra tomar fôlego para o próximo semestre – e nem quero me lembrar que no mês de agosto não tem um feriadinho sequer!

Foi-se o tempo que esse mês era consagrado aos deuses do ócio. Santo ócio que servia para descansar o corpo e o espírito e controlar nos professores seus instintos assassinos. Santo ócio que fazia com que as crianças repousassem o cérebro – se bem que o cérebro delas vive em permanente repouso, sempre no stand by. Nem venha me dizer que no Japão neguinho, quer dizer, amarelinho, tem férias de quinze dias anuais e é por isso que o país é desenvolvido. A razão do desenvolvimento deles não é só essa, mas depois eu falo sobre isso.

Seja lá como for, levanto a bandeira do ócio produtivo. Quando eu estava em idade escolar tinha três meses de férias por ano e nem por isso minha vida acadêmica ficou comprometida. O fato de ficar afastada dos bancos escolares por noventa dias nunca prejudicou meu intelecto, muuito pelo contrário, acho que eu e todos os que viveram esses bons tempos são infinitamente mais eficientes do que essa nova geração, que não consegue juntar lé com cré.

O não fazer nada não significa exatamente não fazer nada. Nesse não fazer nada a que me refiro, incluo ler vários livros que estão pegando poeira na estante, ir ao cinema, ver a quantas anda a programação dos centros culturais da cidade, colocar a vida social em dia e, logicamente, dormir – isto é fundamental, comprovado cientificamente.

Infelizmente, os detentores de mandato legislativo por nós outorgado, aqueles mesmos que só trabalham três dias na semana, acreditam que o fracasso escolar é culpa dos professores que não querem trabalhar. Cambada de vagabundos que conta nos dedos os dias pra se aposentar – e rezando todos os dias para não acabarem com a paridade! Sendo assim, ganhando um pentelhésimo do que eles ganham, precisamos nos matar em prol do desenvolvimento nacional. Visão bem limitada e simplista, bah!

Saindo do tom revoltex e assumindo um mais ameno, digo-lhe que pretendo aproveitar bem esses dias. Não vou viajar, não no sentido literal, minha viagem dessa vez será pra dentro de mim mesma. Tomara que eu não me perca de vez!

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