Fatinha

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Essa merece aplausos

In humor on 23/10/2009 at 5:13 AM

Querido Brógui,

Essa edição é fresquíssima. Acabo de fazer uma lambança digna de aplausos.

Estava escutando uma aula e digitando e tomando uma Coca Cola Light. O que aconteceu? O óbvio. Com uma cotovelada certeira, derramei a porra toda em cima da escrivaninha. 600 ml. Não restou pedra sobre pedra. Melecou tudo: código, livro da Isabel Allende, MP3, dicionário, mouse, teclado, filtro de linha, telefone, relógio, estojo, lentes de contato, colírio. Sobrou até para a torre do computador.

Num salto, soltei um putaquepariu, dei uma topada com o dedinho mindinho no pé da cama, joguei o que pude no chão, corri no banheiro, peguei a toalha de banho e taquei em cima do líquido, que já se aproximava perigosamente da tomada. Arranquei as paradas todas dela, enquanto rezava pro meu anjo da guarda.

No ápice da cagança, entrou um marimbondo pela janela. Mandei mais um putaquepariu e lancei a toalha molhada de Coca Cola no bicho. Errei, a toalha foi janela a fora, vou ter que resgatá-la lá no quintal, mas o tal se assustou.

Saldo final: tudo sobreviveu, menos a minha Coca Cola, meu dedinho e o raio da aula que estava digitando e que – lógico – tinha esquecido de salvar. Putaquepariu.

No RoNquinha

In humor on 19/10/2009 at 10:57 PM

roncaronca

Querido Brógui

Passada a ressaca do tiroteio, preciso lhe contar agora a ressaca da noitada de sábado. É, Brógui, nada como sair para dançar e desopilar o fígado, ainda mais 0800. Minha comadre conseguiu convites para o RoNquinha, festinha do Mauval, a qual compareço desde priscas eras.

Choveu praca durante o dia, mas, São Pedro deu uma trégua para os maluquinhos encararem a aventura de se meter na noite, debaixo de tiro. Todos os deuses estavam a nosso favor: não me perdi, encontrei uma vaga pertinho do local da festa, não tinha flanelinha e minha escova sobreviveu.

Fomos pegar os convites. Quem estava com a tal da lista amiga? Um amigo de academia. Confetes, confetes, sorrisos, sorrisos, ele pergunta: “Vocês não vão ver o show do Paralamas? Já começou.” Pois é, fizemos o sacrifício de assistir ao espetáculo, na cuspideira, antes do RoNquinha. Um aquecimentozinho honesto, música de primeira qualidade, sem contar que ver Herbert Vianna no palco é um milagre que sempre me emociona.

Subimos para a festa na varanda do MAM, lugar especialmente bonito. Maurício Valladares nos saudou com um “debaixo de uma chuva do ca*****, no meio da guerra civil, vamos a mais um RoNca RoNca. Tem apito na pista?”

Dancei até as pernas ficarem dormentes, me diverti horrores, gastei quase nada. O chato foi que perdemos uma hora de catarse por causa do maldito horário de verão, mas por outro lado talvez não tivesse saúde para agüentar tanta música boa, tanta gente divertida e tanta alegria, tudo de uma só vez.

Domingão, mal consegui levantar da cama. Não me rebelei. Depois da primeira tentativa, fui obrigada a me deitar de novo e dormir o resto do dia. Que desagradável!

PS: Essa edição é dedicada a Maurício Valladares, aos Paralamas do Sucesso, à minha comadre sempre animada Valerinha e, por último, mas não menos importante, a Evandro Rios.

Que venham as jandaias

In humor on 19/10/2009 at 1:24 AM

Querido Brógui

Quem mandou reclamar dos passarinhos e dos vizinhos no seu despertar cotidiano? Ontem você acordou com tiroteio e helicópteros sobrevoando Monkey Hill – tradução do The New York Times para nosso singelo Morro dos Macacos. Murphy avisou que sempre pode ser pior e você não acreditou.

Bem, segundo contam, parece que a Secretaria de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro também foi avisada que o pau ia comer no morro, mas não deu confiança. Ninguém viu um pequeno exército de cento e cinquenta bandidos se movimentando para invadir o Monkey Hill e tomar as bocas de fumo, como também nunca ninguém vê o armamento pesado e as drogas chegando – ao que me consta não existem indústrias bélicas no morro, nem plantações de maconha e similares. Dizem que, desde o ano passado, já havia sido apreendido um manual ensinando tintim por tintim com derrubar helicópteros e esse fato foi igualmente ignorado.

Passei ontem o dia inteiro atendendo a telefonemas de amigos preocupados querendo saber notícias da guerra civil. Vila Isabel entrou no mapa de uma hora para outra, não mais como um bairro boêmio, berço de Noel, Martinho, Mart’nália, Luiz Carlos da Vila e outros bambas, mas como palco de cenas de cinema de ação.

Mas, fique tranquilo, Querido Brógui, nada aconteceu aqui perto de casa. O bafafá foi do outro lado do Monkey Hill, daqui só eram ouvidos os barulhos. Não vi ônibus queimados, nem helicóptero caindo, nem policiais morrendo, nem gente correndo com criança no colo, nem precisei me esconder no corredor pra não achar uma bala perdida. Não tive meu carro roubado para servir de transporte para traficantes, não queimaram pneus na minha porta, nem precisei esconder bandido dentro de casa.

Desde ontem as jandaias não dão as caras por aqui. Estou sentindo falta do seu barulho.

Barulhos

In humor on 11/10/2009 at 1:02 AM

Querido Brógui

Ou minha audição está ficando melhor a cada dia, contrariando as leis da natureza, ou o mundo sempre foi barulhento mesmo e eu não me incomodava com isso. Prefiro crer na primeira opção, porque a segunda significaria que estou ficando cada vez mais chata.

Nesses últimos dias não tenho conseguido dormir direito por causa do barulho da chuva. Quem foi que disse que esse barulhinho é relaxante? Como eu moro em uma uma casa, o som da água batendo no chão é ensurdecedor, ainda mais quando é aquela que desce pela calha.

Aqui também tenho que ouvir, pela manhã, antes de acordar, uma série de ruídos desagradáveis. Entre cinco e sete horas da manhã, vivo um pesadelo.

Acordo com os passarinhos que acordam fazendo a maior algazarra. Pra piorar, juntam-se a eles as jandaias, uma espécie de periquito, segundo informou minha santa mãezinha. Nunca as vi, mas elas parecem que estão brigando sei lá por que. São todas gritando ao mesmo tempo, sempre em frente à minha janela e eu acho que é de propósito. Acordar ao canto dos pássaros… que lindo… que romântico… que insuportável!!!

Tem também o vizinho taxista, que todo dia precisa consertar alguma coisa no motor do seu carro velho antes de sair de casa e não está nem um pouco preocupado com o barulho que fazem as ferramentas quando jogadas no chão. Ou você acha que ele coloca a chave de fenda delicadamente na caixa?

O morador da frente, dono de um possante Voyage prata, tem que esquentar o motor da coisa antes de sair, então, são pelo menos dez minutos de nhenhenhenhenhem, engasgos, ronco de motor. Você lembra quando eu tinha carro a álcool, carburação dupla e afogador? É pior.

Alguns minutos depois, chega a van pra pegar a garotinha que mora ao lado, que, é claro, nunca está na porta esperando, o que leva o motorista a buzinar enlouquecidamente. Por que ele não toca a campainha da casa dela? Por que toda a vizinhança tem que compartilhar do seu stress?

Depois, tem o caminhão do depósito de materiais de construção que fica em frente, com os peões conversando a plenos pulmões como se o que eles têm a dizer interessasse a todos os moradores da rua.

Por fim, toca meu despertador-celular. Desnecessário.

PS: De todos esses despertares antes da hora, o único fofo é o do beijinho de adeus do meu irmão, ao qual eu respondo com um indefectível boa viagem, vai direitinho.

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