Querido Brógui,
Bem, então, afinal, começará o recesso escolar. RECESSO, não férias. Depois que aumentaram em mais de cem o número de dias letivos obrigatórios, provavelmente baseados na ideia de que quantidade é indício de qualidade, as férias escolares do mês de julho ficaram reduzidas a uma semaninha, que mal dá pra tomar fôlego para o próximo semestre – e nem quero me lembrar que no mês de agosto não tem um feriadinho sequer!
Foi-se o tempo que esse mês era consagrado aos deuses do ócio. Santo ócio que servia para descansar o corpo e o espírito e controlar nos professores seus instintos assassinos. Santo ócio que fazia com que as crianças repousassem o cérebro – se bem que o cérebro delas vive em permanente repouso, sempre no stand by. Nem venha me dizer que no Japão neguinho, quer dizer, amarelinho, tem férias de quinze dias anuais e é por isso que o país é desenvolvido. A razão do desenvolvimento deles não é só essa, mas depois eu falo sobre isso.
Seja lá como for, levanto a bandeira do ócio produtivo. Quando eu estava em idade escolar tinha três meses de férias por ano e nem por isso minha vida acadêmica ficou comprometida. O fato de ficar afastada dos bancos escolares por noventa dias nunca prejudicou meu intelecto, muuito pelo contrário, acho que eu e todos os que viveram esses bons tempos são infinitamente mais eficientes do que essa nova geração, que não consegue juntar lé com cré.
O não fazer nada não significa exatamente não fazer nada. Nesse não fazer nada a que me refiro, incluo ler vários livros que estão pegando poeira na estante, ir ao cinema, ver a quantas anda a programação dos centros culturais da cidade, colocar a vida social em dia e, logicamente, dormir – isto é fundamental, comprovado cientificamente.
Infelizmente, os detentores de mandato legislativo por nós outorgado, aqueles mesmos que só trabalham três dias na semana, acreditam que o fracasso escolar é culpa dos professores que não querem trabalhar. Cambada de vagabundos que conta nos dedos os dias pra se aposentar – e rezando todos os dias para não acabarem com a paridade! Sendo assim, ganhando um pentelhésimo do que eles ganham, precisamos nos matar em prol do desenvolvimento nacional. Visão bem limitada e simplista, bah!
Saindo do tom revoltex e assumindo um mais ameno, digo-lhe que pretendo aproveitar bem esses dias. Não vou viajar, não no sentido literal, minha viagem dessa vez será pra dentro de mim mesma. Tomara que eu não me perca de vez!
Concordo com cada palavra escrita neste post!
Bjs.
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