Fatinha

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PAPAI NOEL

In humor on 23/12/2023 at 1:16 AM

Hoje vi a chegada de Papai Noel aqui em terras capixabas.

Enquanto esperava, fiquei ouvindo e cantando aquelas velhas músicas natalinas. Gosto de muitas delas, embora não seja uma pessoa amarradona no Natal. Nem no Ano Novo, verdade seja dita.

O Natal, não obstante seu conteúdo religioso e o apelo emocional da reunião em família, só me encantava enquanto eu acreditava em Papai Noel. A mais doce lembrança que tenho de Papai Noel, não é uma lembrança. Ouvi esse relato de minha Mãezinha. Não sei os detalhes, mas vou contar aqui o que ficou registrado e, dou-me de presente de Natal a licença poética para fantasiar um pouco.

Eu era muito pequena ainda, não sei quantos anos eu devia ter. Não lembro se algum dia eu perguntei isso pra Mamãe.

Nos idos de mil novecentos e leite de saquinho, havia, anualmente a chegada de Papai Noel no Maracanã. obs – quem lembra aí do CCPL, que comprávamos na padaria?

A chegada de Papai Noel era um evento popular, aguardado ansiosamente pelas crianças. Papai e Mamãe nos levaram. Conseguimos um lugar na Geral e ficamos lá olhando pro gramado, onde havia um palco com um trono vermelho. obs – todo torcedor que se preza sente falta da Geral, que o capetalismo solapou em nome da segurança. Tudo bem que tinha aquele fosso profundo – mas sem jacarés -separando o povão do gramado. Alta periculosidade, mas ninguém ligava. O máximo que podia acontecer era quebrar o pescoço.

Pense naquela renca de crianças esperando a chegada de Papai Noel! Imagine o tanto que se perdia, que eram atropelados pela multidão, que choravam de fome, sede e ansiedade! Os tempos eram outros e tudo era festa, meio na irresponsabilidade, meio na aventura, mas no prazer total.

Depois de hooooras de espera e sofrimento, Papai Noel chegava de helicóptero, já que rena voadora é coisa impossível de se achar nessa época do ano.

O helicóptero ia chegando e começava a gritaria de excitação infantil. Dava voltas e mais voltas, enquanto ia ficando cada vez mais baixo, se aproximando do local de pouso, no meio do gramado. Papai Noel, ficava na janela, acenando e, por fim, desembarcava devidamente paramentado com aquela roupa quente, as longas barbas brancas e carregando um saco de cetim vermelho enorme. Ser Papai Noel não é para os fracos, ainda mais aqui nos trópicos. Acho que é por isso que ele ficava sentado na cadeira vermelha, marcava uns minutos e ia embora.

Mamãe me contou que a primeira vez que eu vi o Papai Noel acenando da janela do helicóptero, fiquei com os olhos brilhando, apertei sua mão com força e repeti sem parar: “É ele, Mamãe! É ele, Mamãe!”.

Pois é. Meio século depois, lá estava eu esperando Papai Noel chegar. Ele chegou de carro, sem tanto glamour, não trouxe o saco de cetim vermelho cheio de presentes imaginários e eu não estava segurando a mão da Mamãe, mas chorei do mesmo jeito.

Só não entrei na fila pra tirar foto sentada no colo dele porque achei meio demais.