Fatinha

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Rosquinha na testa

In humor on 27/09/2012 at 10:49 AM

Querido Brógui,

Quando ouvi a notícia no rádio, hoje pela manhã, fiquei morta de curiosidade para ver essa nova moda japonesa. Quando cheguei ao trabalho, aproveitando que o chefe não estava, corri pro Gúgol, meu guru espiritual. Achei umas fotos, uma delas coloquei aqui pra você ver.

Segundo li, os japas injetam uma solução salina na testa (deve ser soro), ela incha, depois eles enfiam o dedo para modelar a rosquinha. Minha cabeça escatológica pensou, numa fração de segundos, um milhão de comentários impublicáveis. O mais leve dos meus pensamentos foi que está errada a assertiva de que, de graça, até injeção na testa, já que os debiloides japoneses pagam por isso. Aliás, pra mim, todos os japoneses eram inteligentíssimos, outra das minhas convicções que caiu por terra essa manhã.

(pausa para filtrar os pensamentos)

Bem, mesmo com todo o filtro, não posso deixar de formular a seguinte questão filosófica: O que leva um ser humano a querer ficar, voluntariamente, com cara de cu ? Sei que isso faz parte da vida, todos nós, de vez em quando, ficamos com essa cara, mas definitivamente não é uma questão de opção. Muito pelo contrário, tal situação embaraçosa geralmente não é revelada nem para o melhor amigo. É quem nem torcer o pé no meio da rua porque enfiou o salto da sandália entre as pedrinhas portuguesas, cair de joelhos, pagar calcinha, se ralar toda e levantar como se nada tivesse acontecido apesar da dor infame que está sentindo. Assim agem as pessoas normais, o que, obviamente exclui esse grupo de jovens de olhinho puxado.

Por falar em olhinho puxado, isso me leva a outro sério questionamento: Será que essa ideia estapafúrdia de fazer um terceiro olho na testa veio da inconsciente frustração por não ter olhos redondinhos? Faz um certo sentido, basta lembrar dos desenhos animados e dos quadrinhos japoneses nos quais todo mundo tem aquele olhão maior do que a cara. É. Pode ser isso. Ou não.

(outra pausa para filtrar os pensamentos)

Brógui, não dá. Preciso falar outra coisa. Acredito que Deus, em toda sua sabedoria, teve bons motivos para colocar o fiofó no lugar onde ele se encontra. Por que diabos subverter isso? Se fosse pra ficar aberto à visitação pública, não teríamos sido feitos dessa maneira, não seria tão escondidinho.

(terceira pausa para filtrar os pensamentos)

O meu filtro não tá dando conta. Melhor parar por aqui.

Tentando relaxar

In humor on 21/09/2012 at 10:30 AM

Querido Brógui,

Como sabe, tenho “pobrema de neuvos”. Meus dentes bem o sabem, sofrem com a maneira desumana como trinco o maxilar. Minha dentista vive tascando remendos nas restaurações que quebram, tenho uma contratura muscular eterna nas mandíbulas e minha ortodentista já avisou que vou ter que usar mordedor durante a minha vida inteira (acho que vou fazer melhor, vou comprar logo uma focinheira).

Já tentei fazer relaxamento, mas não tenho paciência. Já tentei mantras, me perco no meio do caminho. Rezando Ave Marias também me perco. Então, lá na academia, começou essa semana uma turma nova de Yoga. Como conheço a professora, que me parece uma pessoa normal, resolvi tentar. Já fiz duas aulas, na terça e na quinta.

Até que foi legal, tirando o fato de eu ser obrigada a constatar mais uma vez, que além de trincar os dentes, todos os meus músculos também sofrem com a eterna contratura muscular. Também tive que aceitar, mais uma vez, o fato de ser totalmente curta. Jamais coloquei as mãos nos meus pés (só dobrando os joelhos), não consigo coçar minhas costas sem a ajuda de uma régua e manter a coluna ereta me faz praguejar contra nossos antepassados que acharam que andar de quatro dificultava a manipulação de instrumentos.

Ontem a aula começou com a respiração. Até aí tudo bem. Isso eu sei fazer, tenho minha respiração corretamente colocada, meu diafragma funciona direitinho. Depois começou um tal exercício que consistia em colocar a mão direita na coxa esquerda, virar a cabeça pro outro lado, esticar uma perna, encolher a outra. Problema sério: minha lateralidade, que também é horrorosa. A cada comando, tenho que pensar alguns segundos pra escolher qual é o braço que vou levantar, qual é a perna que vou dobrar. Se olho em frente pra imitar a professora, piorou. A visão espelhada faz com que eu demore mais alguns segundos pra discriminar a informação visual e mandar a ordem pro cérebro, que tem que inverter tudo e repassar a ordem para os membros. Muito complexo.

A pior parte foi, ao final da aula, o tal do relaxamento (voltamos ao assunto finalmente). A professora colocou um CD com um cabra falando com aquela voz de locutor de novela de rádio, orientando os passos a serem seguidos. Nos primeiros dois minutos, consegui manter minha atenção em níveis razoáveis. Depois…

Sinta seu braço esquerdo relaxar… Preciso retocar a raiz dos cabelos pra ir ao aniversário da Marise. Agora, o braço direito… Será que nas Lojas Americanas a fila está muito grande? Agora sinta sua perna esquerda… O aniversário da Marise é sábado, tenho que acordar cedo pra pegar o ônibus pra Teresópolis. Sinta sua perna direita… O presente! Não comprei o presente! Visualize ou imagine uma luz entrando pela sua cabeça… Tequinha viajou e me trouxe de presente dois batons. A luz está envolvendo seu corpo… Será que os batons são bonitos? Devem ser vermelhos, ela sabe que eu gosto de batom vermelho. Você está se sentindo protegida pela luz… Já sei! Vou comprar um batom pra Marise. Ela gosta de tons rosados. Agora, você vai voltar lentamente para essa sala, se espreguiçar… Hein? Já acabou?

O que acha, Brógui? Há alguma possibilidade de, algum dia, eu conseguir relaxar e esvaziar minha mente?

PS: essa edição é dedicada à minha prima Milinha, praticante de Yoga, casada, mãe de três filhos, sem empregada, trabalha fora, mora em Brasília e, até onde eu sei, ainda não surtou.

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