Fatinha

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Mais uma coisinha

In humor on 19/04/2012 at 9:38 AM

Querido Brógui,

Ontem, como deve ter percebido, interrompi abruptamente meu post. Entrou de repente um monte de gente na sala, que compartilho com mais nove pessoas. Mais uma coisa para me adaptar: essa coisa meio tribal, todo mundo junto, falando ao mesmo tempo, privacidade zero.

Adotei algumas táticas pra conseguir fazer o meu trabalho de maneira a fazer não muita caca: fone de ouvido, musiquinha o tempo todo. Quer dizer, quase o tempo todo. Não chega a evitar que eu escute o vozerio, mas pelo menos abafa um pouco. Antes que vc me alerte acerca da antipatia que isso possa gerar, (aparentemente) os colegas aceitaram minha justificativa de que eu era meio dispersiva e não conseguia me concentrar no meio do tumulto. Até porque, como disse, eu continuo escutando tudo, mas foco na música e no trabalho e as conversas ficam em segundo plano. Vez por outro, tiro o fone pra interagir com a tribo, respondo quando se dirigem a mim e dou piruada na conversa alheia. Acho que já perceberam que consigo funcionar relativamente bem dessa maneira.

Pronto. Começou a chegar gente. Depois continuo.

Será que pega mal?

In humor on 19/04/2012 at 9:20 AM

Querido Brógui,

Tô no trabalho. Hora de almoço, as coisas ficam meio paradas por aqui. O ar condicionado está transformando meu pulmão num frigobar e, dado que comi como uma vaca na hora do almoço (vaca como muito?), tô morrendo de sono. Se pudesse, puxava um ronco embaixo da mesa. Será que ia pegar muito mal?

Por falar em copo descartável

In humor on 16/04/2012 at 7:55 PM

Querido Brógui,

Aliás e a propósito, hoje passei toda a manhã rodando as copas para ensinar matemática às copeiras e aos garçons.

É, vc achou que essa vida de professora fazia parte do meu passado? Negativo. Tive que explicar umas trinta vezes como fazer uma conta de subtração: quanto é a sua média de consumo menos o que tem no estoque é que vc vai receber na semana que vem. Fácil? Não, meu caro Watson. Fiz continhas e mais continhas para explicar meu raciocínio. Só faltei trabalhar com material concreto. Uns pegam rápido, mas outros devem ter vindo de algum projeto de aceleração da SME (desculpe aí, Helena e Andréa. Perco o amigo, mas não perco a piada. hehehe)

Três horas depois, tinha percorrido todo o caminho de Santiago de Compostela usando salto alto – é, agora ando em cima do salto o tempo todo, meia fina, tudo o que eu mais queria na vida – os meus dedões estavam dormentes e os dedinhos mindinhos em carne viva. Acho que eles entenderam. Deus é Pai.

Chegando à sala, o rapaz do almoxarifado veio com a guia de remessa para eu assinar. Havia chegado o material por mim pedido para a semana. Dois segundos depois, vem o encarregado me avisar que os copos não eram em número suficiente. Como assim? Acho que a senhora pediu errado. Como assim? Só vieram cinquenta centos. Como assim? Olhei para o papel em estado de choque. Pedi errado. E agora? Utilizamos trezentos e cinquenta centos por semana – fala sério: vc sabia que só na sede do MP consomem-se 35.000 copos descartáveis para água por semana? – e eu não tinha uma ínfima parte disso para distribuir amanhã!!! Olhei para meu gerente e falei: “Chefe, fiz caquinha.” Ok, tudo bem. Telefonema urgente para o almoxarifado, entra no sistema, email pra lá e pra cá, uma hora depois chegaram os copos.

Lição número um: humildade. Reconhecer a caca e pedir ajuda. Lição número dois: não rir de quem faz conta errado. Lição número três: colaborar com a campanha que já existe no MP, que é “Adote uma caneca.”

Aplacando sua curiosidade

In humor on 16/04/2012 at 7:17 PM

Querido Brógui,

Sei que vc deve estar perdendo suas noites de sono, curioso pra saber afinal de contas o que ando fazendo no no meu novo trabalho. Pode parar de tomar seus ansiolíticos, jogue fora a maracujina, hoje vou falar mais ou menos para que o MP me paga (ou melhor, vai pagar, porque ainda não recebi meu primeiro salário).

Eu estou lotada na Gerência de Zeladoria.

Hein?

Zeladoria, aqueles que cuidam para que o nobilíssimos Promotores de Justiça, Procuradores de Justiça e demais servidores (ops! que nenhum daqueles saiba que os chamei de servidores!) possam exercer as suas funções institucionais com eficiência, dignidade e um certo conforto.

Hein?

Vc tá lento hoje… Significa que eu e os demais colegas que lá trabalham cuidamos para que não falte nada referente à infraestrutura.

Hein?

Olha só: trabalhamos com aquilo que vc só percebe o quanto são importantes quando faltam, como papel higiênico no banheiro, cafezinho, essas coisas. Trabalhamos também para garantir que os invisíveis executem seu mister a contento.

Hein?

Invisíveis são aquelas pessoas pelas quais a maioria passa sem nem se dar ao trabalho de dirigir um olhar, que dirá um bom dia. Eles fazem o trabalho que só aparece quando não é feito. Poucos reparam no jardineiro, mas quando o jardim está feiosinho, é a indignação total. Ninguém fala com a garçonete, mas se o café não sai, o mundo vem abaixo. Banheiro cheiroso? Todo mundo gosta, mas poucos se lembram de dar um sorriso para a moça que acabou de limpá-lo (há quem emporcalhe tudo imediatamente após a limpeza). Todo mundo gosta de se sentir seguro, mas esquece de agradecer ao vigilante que cuida da sua tranquilidade. E por aí vai.

É. Já ouvi de uns e outros comentários do tipo: mas vc tem duas faculdades e tá cuidando da distribuição de copos descartáveis pelas copas? Tô sim. Meu cérebro não vai encolher e estou fazendo algo que considero importantíssimo para a Instituição para a qual eu trabalho. Não faço a menor questão de ser reconhecida pelos corredores, nem minha vaidade fica ferida por não estar assinando promoções e pareceres. Sempre respeitei profundamente os que carregam o piano e agora eu ajudo a carregar. Não preciso ser solista para ser feliz.

Satisfeita a sua curiosidade? Depois eu conto mais.

288 perguntas depois…

In humor on 03/04/2012 at 9:17 PM

Querido Brógui,

Funciona assim: sou nova no trabalho. Tenho que dar conta de uma montanha de coisas as quais jamais fiz. Então, como boa cara de pau que sou, vergonha na cara igual a zero, passo o dia inteiro disparando perguntas para todos os lados.

Ninguém escapa da minha metralhadora giratória. O Diretor, o Gerente, os colegas, a recepcionista, a copeira, os estagiários. Passou na minha frente, vira alvo. Aliás, nem precisa estar na minha frente: a menina que estou substituindo é alvejada pelo telefone e o supervisor, pelo rádio – é, tenho um rádio agora, objeto que ainda estou aprendendo a usar e que mereceu pelo menos umas vinte perguntas.

Perguntei pro gerente se eu tinha um limite de perguntas diárias. Ele disse que não. Abriu a porteira, né?

O que eu faço com isso? Onde estão os modelos de ofício? Onde arquiva? Pra quem eu mando o email? Qual é o endereço? Como entra no sistema? Qual é minha senha? Quem é Fulano? E Beltrano? Cadê o papel? Pode pegar? Cadê a planilha? Tem atalho?

A cada pergunta, várias sub perguntas surgem e eu disparo. Seja por vontade de ajudar ou pra se ver livre de mim, todas elas são respondidas.

Bem, só estou efetivamente exercendo minhas funções há dois dias. Pelo andar da carruagem, até amanhã, terão sido 432 perguntas. Para a felicidade de meus novos colegas de trabalho, essa semana é curta. Semana que vem, permanecerei inclemente. Não deixarei reféns. A tendência é o fluxo perguntador ir diminuindo. Se essa tendência não se confirmar, sinto que terei problemas. Nenhum ser humano, por mais gentil que seja, suporta tamanha tortura.

PS: quinta-feira, encontrei com algumas amigas e a preocupação de todas era se eu estava gostando do novo trabalho. Disse que ainda não sabia, não tinha começado direito. Agora, posso dizer: tô gostando sim. Apesar de ser totalmente diferente de tudo o que conheço, estou gostando de entrar nesse novo mundo, aprender coisas novas. Confesso que às vezes me dá uma certa claustrofobia e a dor no pescoço está me matando, mas nada que uma fugidinha até a calçada e um alongamento não resolvam.