Querido Brógui,
Aliás e a propósito, hoje passei toda a manhã rodando as copas para ensinar matemática às copeiras e aos garçons.
É, vc achou que essa vida de professora fazia parte do meu passado? Negativo. Tive que explicar umas trinta vezes como fazer uma conta de subtração: quanto é a sua média de consumo menos o que tem no estoque é que vc vai receber na semana que vem. Fácil? Não, meu caro Watson. Fiz continhas e mais continhas para explicar meu raciocínio. Só faltei trabalhar com material concreto. Uns pegam rápido, mas outros devem ter vindo de algum projeto de aceleração da SME (desculpe aí, Helena e Andréa. Perco o amigo, mas não perco a piada. hehehe)
Três horas depois, tinha percorrido todo o caminho de Santiago de Compostela usando salto alto – é, agora ando em cima do salto o tempo todo, meia fina, tudo o que eu mais queria na vida – os meus dedões estavam dormentes e os dedinhos mindinhos em carne viva. Acho que eles entenderam. Deus é Pai.
Chegando à sala, o rapaz do almoxarifado veio com a guia de remessa para eu assinar. Havia chegado o material por mim pedido para a semana. Dois segundos depois, vem o encarregado me avisar que os copos não eram em número suficiente. Como assim? Acho que a senhora pediu errado. Como assim? Só vieram cinquenta centos. Como assim? Olhei para o papel em estado de choque. Pedi errado. E agora? Utilizamos trezentos e cinquenta centos por semana – fala sério: vc sabia que só na sede do MP consomem-se 35.000 copos descartáveis para água por semana? – e eu não tinha uma ínfima parte disso para distribuir amanhã!!! Olhei para meu gerente e falei: “Chefe, fiz caquinha.” Ok, tudo bem. Telefonema urgente para o almoxarifado, entra no sistema, email pra lá e pra cá, uma hora depois chegaram os copos.
Lição número um: humildade. Reconhecer a caca e pedir ajuda. Lição número dois: não rir de quem faz conta errado. Lição número três: colaborar com a campanha que já existe no MP, que é “Adote uma caneca.”