Fatinha

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Por falar em copo descartável

In humor on 16/04/2012 at 7:55 PM

Querido Brógui,

Aliás e a propósito, hoje passei toda a manhã rodando as copas para ensinar matemática às copeiras e aos garçons.

É, vc achou que essa vida de professora fazia parte do meu passado? Negativo. Tive que explicar umas trinta vezes como fazer uma conta de subtração: quanto é a sua média de consumo menos o que tem no estoque é que vc vai receber na semana que vem. Fácil? Não, meu caro Watson. Fiz continhas e mais continhas para explicar meu raciocínio. Só faltei trabalhar com material concreto. Uns pegam rápido, mas outros devem ter vindo de algum projeto de aceleração da SME (desculpe aí, Helena e Andréa. Perco o amigo, mas não perco a piada. hehehe)

Três horas depois, tinha percorrido todo o caminho de Santiago de Compostela usando salto alto – é, agora ando em cima do salto o tempo todo, meia fina, tudo o que eu mais queria na vida – os meus dedões estavam dormentes e os dedinhos mindinhos em carne viva. Acho que eles entenderam. Deus é Pai.

Chegando à sala, o rapaz do almoxarifado veio com a guia de remessa para eu assinar. Havia chegado o material por mim pedido para a semana. Dois segundos depois, vem o encarregado me avisar que os copos não eram em número suficiente. Como assim? Acho que a senhora pediu errado. Como assim? Só vieram cinquenta centos. Como assim? Olhei para o papel em estado de choque. Pedi errado. E agora? Utilizamos trezentos e cinquenta centos por semana – fala sério: vc sabia que só na sede do MP consomem-se 35.000 copos descartáveis para água por semana? – e eu não tinha uma ínfima parte disso para distribuir amanhã!!! Olhei para meu gerente e falei: “Chefe, fiz caquinha.” Ok, tudo bem. Telefonema urgente para o almoxarifado, entra no sistema, email pra lá e pra cá, uma hora depois chegaram os copos.

Lição número um: humildade. Reconhecer a caca e pedir ajuda. Lição número dois: não rir de quem faz conta errado. Lição número três: colaborar com a campanha que já existe no MP, que é “Adote uma caneca.”

Aplacando sua curiosidade

In humor on 16/04/2012 at 7:17 PM

Querido Brógui,

Sei que vc deve estar perdendo suas noites de sono, curioso pra saber afinal de contas o que ando fazendo no no meu novo trabalho. Pode parar de tomar seus ansiolíticos, jogue fora a maracujina, hoje vou falar mais ou menos para que o MP me paga (ou melhor, vai pagar, porque ainda não recebi meu primeiro salário).

Eu estou lotada na Gerência de Zeladoria.

Hein?

Zeladoria, aqueles que cuidam para que o nobilíssimos Promotores de Justiça, Procuradores de Justiça e demais servidores (ops! que nenhum daqueles saiba que os chamei de servidores!) possam exercer as suas funções institucionais com eficiência, dignidade e um certo conforto.

Hein?

Vc tá lento hoje… Significa que eu e os demais colegas que lá trabalham cuidamos para que não falte nada referente à infraestrutura.

Hein?

Olha só: trabalhamos com aquilo que vc só percebe o quanto são importantes quando faltam, como papel higiênico no banheiro, cafezinho, essas coisas. Trabalhamos também para garantir que os invisíveis executem seu mister a contento.

Hein?

Invisíveis são aquelas pessoas pelas quais a maioria passa sem nem se dar ao trabalho de dirigir um olhar, que dirá um bom dia. Eles fazem o trabalho que só aparece quando não é feito. Poucos reparam no jardineiro, mas quando o jardim está feiosinho, é a indignação total. Ninguém fala com a garçonete, mas se o café não sai, o mundo vem abaixo. Banheiro cheiroso? Todo mundo gosta, mas poucos se lembram de dar um sorriso para a moça que acabou de limpá-lo (há quem emporcalhe tudo imediatamente após a limpeza). Todo mundo gosta de se sentir seguro, mas esquece de agradecer ao vigilante que cuida da sua tranquilidade. E por aí vai.

É. Já ouvi de uns e outros comentários do tipo: mas vc tem duas faculdades e tá cuidando da distribuição de copos descartáveis pelas copas? Tô sim. Meu cérebro não vai encolher e estou fazendo algo que considero importantíssimo para a Instituição para a qual eu trabalho. Não faço a menor questão de ser reconhecida pelos corredores, nem minha vaidade fica ferida por não estar assinando promoções e pareceres. Sempre respeitei profundamente os que carregam o piano e agora eu ajudo a carregar. Não preciso ser solista para ser feliz.

Satisfeita a sua curiosidade? Depois eu conto mais.

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