Querido Brógui
“Um belo dia resolvi mudar…”
Querido Brógui
Tenho certeza de que você um dia surtou ao ser barrado na porta giratória de uma agência bancária. Aliás, gostaria de ter notícias de algum bandido que ficou entalado. Eu já larguei minha bolsa do lado de fora e entrei só com o cartão. Sorte que ninguém levou minha bolsa. Já ouvi caso de gente que tirou a roupa na porta do banco e Valerinha entrou escoltada pela polícia.
Hoje, uma senhorinha, cabelinhos brancos, foi impedida de entrar pelo tal do dispositivo. O segurança, com aquele tom de voz monocórdio, disse: “A senhora pode abrir a sua bolsa?”. A velhinha, passada, deu dois passinhos pra trás, abriu a bolsa, virou todo o conteúdo no chão, ajoelhou-se e começou: “Carteira, chave de casa, lenço de papel, remédio para a pressão, sombrinha, livro de orações, colírio, caixinha de óculos, porta-níqueis…” Ela ia catando as coisas e gritando o que era. Ficou bem cinco minutos agachada dando seu espetáculo enquanto o segurança olhava pra ela com cara de paisagem.
A galera aplaudiu a velhinha, veio o gerente ver o que era, ela se encheu de moral e começou a fazer discurso, vê lá se eu tenho cara de ladrona, se na minha bolsa vai caber uma metralhadora, que se fosse marginal ninguém pegava, que todo mês era a mesma coisa, que isso era falta de respeito com os idosos, que isso, que aquilo.
O gerente mandou abrir a porta para a senhorinha. Ela virou as costas, deu uma banana e gritou: “Não quero mais entrar nesse banquinho de M, vou pagar minhas contas em outro lugar!!!”
Saiu da agência nos braços do povo, com um sorriso vitorioso nos lábios.