Fatinha

Rebeldia construtiva

In humor on 24/11/2015 at 10:20 AM

Querido Brógui,

O mundo está muito esquisito. Mesmo. Tanta coisa ruim acontecendo, pessoas matando pessoas, pessoas matando a natureza, pessoas levando o sofrimento para outras pessoas. Isso tudo me leva de um extremo ao outro. Ou vários extremos, eu diria. Passo da tristeza à apatia, sigo para à euforia, parto para a raiva, caio na hiperatividade e finalizo na falta de vontade de escrever, que é o meu termômetro de felicidade.

Não tenho me permitido ficar bem, nem aproveitar de verdade o breve e fugaz brinde de estar viva. Tomo o sofrimento alheio como o meu próprio, uma empatia às vezes absurda, que até tem seu fundo filosófico nas palavras de Dalai Lama – enquanto houver um ser em sofrimento, todos estaremos em sofrimento. Só que eu exagero e esqueço que o próprio Dalai Lama recomenda que sejamos felizes.

Hoje eu decidi me opor a mim mesma e a essa palhaçada de ficar me martirizando pelo simples fato de que a minha vida – ainda que com atropelos, tombos, mancadas e trombadas – é boa. Decidi que não vou me sugar pra dentro de um buraco só porque o mundo está indo, inevitavelmente, pra dentro dele. Que minha resistência ao Mal será ficar cada vez mais alegre, positiva, esperançosa. Que vou redimensionar minhas prioridades e desprezar o que é desprezível (parece redundante, e é mesmo).

Vou começar novamente a rir de mim e de meus desastres – como o galo que fiz ao dar uma cabeçada na janela porque fui olhar pra fora e esqueci que ela estava fechada.

Vou recomeçar a rir do que não tem a menor graça, mas que exatamente pelo bizarro é que é engraçado – como o ladrão que na maior cara de pau bateu no vidro do meu carro e pediu pra eu abrir porque ele queria me tomar o celular.

Vou cair da cadeira rindo quando no trabalho me pedirem alguma coisa absurda como se fosse a coisa mais normal do mundo – tipo dar a  mesma informação pela milionésima vez.

Tratarei como surreal que é que, num mundo em crise, ainda haja alguém que defende a violência como solução, que continue cultivando burros preconceitos (outra redundância), que não consiga ver que atitudes individuais comprometem o coletivo.

Minha rebeldia não será destrutiva. Demonstrarei minha rebeldia resistindo à infelicidade, à amargura, rindo pra caralho, falando bobagem, dando beijo na boca, enchendo a porra do saco dos outros, ouvindo música no trabalho e dançando sentada na cadeira, lendo e, principalmente, escrevendo pra você. Vou liberar o Querido Brógui da quarentena.

Sejamos felizes juntos.

 

 


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  1. Bom ver você de volta!

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  2. Até que enfim… o querido brógui saiu da quarentena e voltou (agora pra ficar, porque aqui, aqui é o seu lugar…).

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  3. VIVA VIDA!!!! BJS

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