Querido Brógui,
Creio que entrei em Budapeste pela porta dos fundos e a primeira impressão não é a que fica. Não mesmo. Vi lugares muito bonitos hoje, que nada ficam a dever a outros tantos vistos nas minhas andanças por aí.
Fui de metrô pro Centrum. Lá, foi abordada por uma moça que me ofereceu um pacote promocional naqueles ônibus hop on hop off. Negociei, disse que ia pensar, fui dar outra olhadinha na Basílica. Foi quando meu joelho bichado começou a doer. É, Brógui. Rendi-me às evidências. O corpinho tá dando sinais de exaustão. Então, engoli o orgulho e voltei pra fechar o pacote com a moça. Por 17 euros, nas próximas 72 horas, posso pegar o ônibus que faz aquele circular pelos lugares que o turista tem que ver senão morre, mais um passeio noturno e mais um hop on hop off de barco pelo Danúbio e free drinks em meia dúzia de restaurantes pelo caminho. Que lhe parece?
Comecei pela Sinagoga. É belíssima. O guia disse que ela é diferente das outras porque tentou fazer uma aproximação com as construções da Igreja Católica – por conta da discriminação sofrida pelos judeus. Não adiantou muito.
Fomos ao jardim, no qual há uns túmulos de judeus mortos durante a 2ª Guerra. Essa parte foi triste, sempre fico comovida quando vejo de perto essa parte tenebrosa da História. Fiquei triste assim em Praga, quando visitei o gueto judeu. Em situações normais, os judeus não enterram seus mortos dentro das sinagogas, como os Católicos tinham o hábito de fazer, mas esse caso foi especial. Ao final da guerra, quando os russos entraram na Hungria e abriram o gueto, havia centenas de corpos nesse lugar, todos mortos de inanição. Corpos que foram colocados nesse local pelos sobreviventes porque simplesmente não havia outro. Como não dava para removê-los, estavam em decomposição, enterraram ali mesmo. Depois, não retiraram mais porque os judeus não desenterram os seus. Em Praga, o cemitério judeu do gueto, por falta de espaço, tem várias camadas, porque os túmulos foram sendo feitos uns em cima dos outros.
Nos fundos dessa sinagoga, tem uma escultura linda. Olha só:
Cada folha da árvore tem o nome de um dos judeus mortos. Algumas não têm nome, são os que não foram identificados. Ao centro, a pedra preta, lembra aquelas que foram recebidas por Moisés com os mandamentos de Deus, só que não tem nada escrito, é vazado. Significa que tanta gente foi morta por causa da ignorância de outros tantos.
Nesta outra pedra estão escritos os nomes de pessoas que salvaram a vida de milhares de judeus, seja fornecendo passaportes falsos, como os escondendo em safe houses ou abrigando crianças órfãs. No meio de tanta desumanidade, houve quem arriscasse o próprio pescoço pelo próximo. Segui meu rumo menos triste.
Falei tanto da primeira parte do dia que faltou tempo – e disposição – pra contar o restante. Aqui, já passa da meia-noite e eu preciso descansar. Amanhã já tenho um dia cheio.
Arrá! Fotos! Não se esqueça de tirar algumas com VOCÊ nelas! Pede pra alguma velhinha, ou então alguns Japas fazendo turismo!
CurtirCurtir
Condado não corretor FDP, cansado….
Mais bjs.
CurtirCurtir
Post com foto!!!
Mandou muito bem!!
E o pacote realmente tá de graça.
Bjs!
Nao deixe o corpinho vencer, use a mente!! Lugar de corpinho condado é em Vila Isabel!
CurtirCurtir
Adorei a explicação sobre a escultura. Brógui também é cultura. O pacote por 17 euros é barato! Beijos
CurtirCurtir
Isso tudo por 17 euros?? Maravilha!!!
CurtirCurtir
Continue se divertindo e mandando os “relatórios”. Estou adorando. As fotos estão lindas.
CurtirCurtir