Querido Brógui,
Há algumas semanas atrás, não sei em que dia, li uma entrevista não sei em que revista, com um artista do qual também desconheço o nome, que estava expondo em uma galeria não sei onde. Muito precisas as minhas lembranças, não? Mas nenhuma dessas informações faz falta à compreensão do que vou escrever hoje.
Sou tosca mesmo, pra mim arte é algo que não posso fazer igual. Se eu posso reproduzir sem esforço, não é arte. Pra quem ficou que nem um leão enjaulado, desesperada em Madrid esperando a galeria de Rafael ser aberta, quase foi presa pelo segurança tentando fotografar Guernica, chorou em cima de Van Gogh, morrendo de compaixão, ficou de pescoço torto olhando as esculturas de Michelângelo, não vem com essa de desconstrução da expressão, liberdade de forma, experiências sensoriais… Pó parar! Lembro-me da música que Zeca Baleiro canta com Zé Ramalho, chamada Bienal Depois clica nesse link aqui pra ouvir!
Bem, aquele artista plástico esculhambava a própria exposição para a qual havia sido convidado, dizendo que era contra a ditadura da arte, da perfeição, que arte era o que era nada, essas coisas que artista diz e que ninguém entende mesmo – ou finge que entende para não parecer burro. Só sei que o cara chegou no lugar da galeria que lhe era reservado e sua arte surgiu ali mesmo, com copinhos sujos espalhados pelo chão, rabiscos nas paredes e fios de barbante pendurados. OK. Ele vive disso e ganha muito mais do que eu e você, suponho.
Alguns dias depois disso, li outra matéria não sei onde falando de uma menininha de quatro anos que estava toda feliz com a primeira exposição de seus quadros, um monte de tinta misturada, que ela tacava na tela usando as pequenas mãozinhas. Os entendidos no assunto, todos derretidos por conta do talento da pequena e comparando com outros pequenos precoces artistas que sujavam as telas com igual maestria.
Essa semana, vi na televisão que os quadros mais vendidos em tal galeria de arte eram pintados por antas. Anta mesmo, o bichinho com aquela meia-tromba. Aí já é demais! As antas tão pintando quadros? Pensei que somente os apreciavam e escreviam sobre eles!
Dia desses, eu e Henrique estávamos fazendo hora pra buscar Victor em um de seus eventos proibidos para pais. Resolvemos fazer um programinha cultural e fomos até o CCBB. Resolvemos entrar também na Casa França Brasil que estava expondo obras de Daniel Senise (?). Nos deparamos com um corredor repleto de lençóis brancos usados (?). Em um das salas havia vários quadros, iguais, feitos de tijolos de papel machê (?). Ficamos olhando aquilo com uma certa perplexidade. Seria aquilo arte? Ao sair, Henrique, que considero um talento artístico desperdiçado, pois desenha maravilhosamente bem, mandou um sonoro: “vai tomar no cu”
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Fui lá ouvir a música e acompanhei a letra pelo letras.terra. É hilário e traduz o sentimento que você passou. hahahahha! Adorei!
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Fatinha, eu acho o mesmo com relação à música, por exemplo. O que temos atualmente que tanta gente adora e chamam de música eu não classifico nem para o lixo. Mas é próprio da cultura sem substância a que estamos acostumados (vixe!). Vou lá ouvir esta música. Abração. Paz e bem.
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Adorei e a música é perfeita. Parabéns!
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