Querido Brógui
Quem mandou reclamar dos passarinhos e dos vizinhos no seu despertar cotidiano? Ontem você acordou com tiroteio e helicópteros sobrevoando Monkey Hill – tradução do The New York Times para nosso singelo Morro dos Macacos. Murphy avisou que sempre pode ser pior e você não acreditou.
Bem, segundo contam, parece que a Secretaria de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro também foi avisada que o pau ia comer no morro, mas não deu confiança. Ninguém viu um pequeno exército de cento e cinquenta bandidos se movimentando para invadir o Monkey Hill e tomar as bocas de fumo, como também nunca ninguém vê o armamento pesado e as drogas chegando – ao que me consta não existem indústrias bélicas no morro, nem plantações de maconha e similares. Dizem que, desde o ano passado, já havia sido apreendido um manual ensinando tintim por tintim com derrubar helicópteros e esse fato foi igualmente ignorado.
Passei ontem o dia inteiro atendendo a telefonemas de amigos preocupados querendo saber notícias da guerra civil. Vila Isabel entrou no mapa de uma hora para outra, não mais como um bairro boêmio, berço de Noel, Martinho, Mart’nália, Luiz Carlos da Vila e outros bambas, mas como palco de cenas de cinema de ação.
Mas, fique tranquilo, Querido Brógui, nada aconteceu aqui perto de casa. O bafafá foi do outro lado do Monkey Hill, daqui só eram ouvidos os barulhos. Não vi ônibus queimados, nem helicóptero caindo, nem policiais morrendo, nem gente correndo com criança no colo, nem precisei me esconder no corredor pra não achar uma bala perdida. Não tive meu carro roubado para servir de transporte para traficantes, não queimaram pneus na minha porta, nem precisei esconder bandido dentro de casa.
Desde ontem as jandaias não dão as caras por aqui. Estou sentindo falta do seu barulho.
A situação em todo o Rio tá cada dia mais complicada!
E eu também sentiria falta do barulho costumeiro!!!
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é…. que o “barulho” das jandais retornem o quanto antes….
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Oi Fatinha,
Morri de rir com seu post.
Agora que passou, pelo menos dá pra’ rir, mas na hora do acontecido temos a certeza de que policia, politico,não existem para nos proteger ou fazer o seu papel.
beijos,
Adir
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É, minha amiga, é por essas e outras que já faz nove anos que pirulitei daí. Não tenho mais “estômago” pra digerir a indiferença dos políticos do Rio de Janeiro.
Trabalhei por vinte anos numa clínica em Vila Isabel, na 28 de setembro (ou será dezembro?).
Tenho saudades do tempo em que podia ir a pé pra casa (morava na Torres Homem). Não sei até quando vou fugir da violência, mas por enquanto vou ficando em Aracaju. É tranquilo aqui.
Desde há 30 anos tenho a satisfação de ANULAR meu voto.
Se todos fizessem isso, talvez mudasse alguma coisa.
Beijocas.
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