Querido Brógui
Ok, vou assumir: estou ar-ra-sa-da com o que foi noticiado nos jornais: esse ano teremos um maior número de dias úteis. Os feriados cairão nos finais de semana, não haverá enforcamentos, o carnaval é logo no início do mês de fevereiro que ainda por cima tem 29 dias!
Vagabunda, eu? Não gosto de trabalhar? Atire a primeira pedra quem gostou da notícia. Confesse: vc não olha o calendário no início do mês pra ver quando vai ter uma folguinha a mais? Não sonha dia e noite com os feriados prolongados? Não conta nos dedinhos quantos dias falta para o próximo? MENTIROSO!!!!
Tá certo. Como professora de História, sei que essa coisa de feriados associados a shows gratuitos nas praias e almoço de um real nada mais é do que a atualização da velha política do pão e circo que os imperadores romanos já haviam inventado antes de Cristo nascer. A idéia é genial: comida e diversão pra evitar qualquer tipo de comoção social. Povinho feliz, carnaval, bolsa família, praia, feriadão com as crianças e a patroa comendo churrasquinho de gato na laje e tomando banho de mangueira, futebol, cervejinha gelada. Pra que mais?
É genial. Tão genial quanto funcional, por isso perdura até hoje e, “curiosamente”, é sucesso de público e crítica no nosso pobre país pobre. É coisa pra se pensar, não é? A gente é pobre porque tem feriados demais ou a gente tem feriados demais porque é pobre? Qual é o segredo de Tostines?
E aí vem esse bendito desse bissexto ano de 2008 pra bagunçar o coreto, estragar toda a lógica romana nos privando do ócio eventual do meio da semana.
Mas, tenho fé em que até o final do semestre, quando a panela de pressão na qual irá se transformar esse país começar a apitar, o nosso eficiente Congresso Nacional já terá votado em regime de urgência urgentíssima alguma lei que conseguirá subverter o calendário solar e nos devolver os preciosos feriados. Com o apoio do povão, com o respaldo de nossos brilhantes juristas, com as bênçãos de Baco.