Querido Brógui,
Uma das coisas que mais gosto é de um abraço apertado. Um abraço daquele que transmite aconchego, amparo, calor, daquele de quebrar os ossos, que estala a lombar e a cervical ao mesmo tempo. Gosto de abraçar assim e ser abraçada assim.
Há abraços e abraços. Tem aquele que a gente dá e recebe. Tem aquele que a gente só dá. Muita gente só recebe. Muita gente nem recebe, fica com aquele corpo mole. Ou duro. Como assim? Nunca foi abraçar alguém, cheio de vontade, e sentiu em seus braços aquela coisa flácida, tipo aperto de mão com a pontinha dos dedos? Aquele abraço nojinho? E tem o outro, aquele que você se joga em cima da pessoa e parece que tá se chocando com um pedaço de pedra. Aquele corpo contraído, nitidamente desconfortável com o contato com o seu. O máximo que permite é que se encoste levemente no ombro e olhe lá. Ou então fica com aquele braço pendurado, como se sofresse de algum tipo de paralisia. Fico frustradíssima.
Ok. Respeito os não-abraçantes. Ninguém é obrigado a gostar de abraçar. Às vezes, nem é uma questão de gosto, é de hábito, ou aprendizado. Há quem não tenha sido criado assim, não conheça a arte – e o prazer – de apertar alguém no seu peito, colar o rosto, dar aquela sacudida. É. Tem o abraço que é finalizado com uma sacudida, pra conferir se sobrou algum pedaço inteiro.
Quando viajo para a Europa, estranho a falta do toque. As pessoas não encostam umas nas outras, e, se encostam, pedem desculpas. Quando fui pela primeira vez, me avisaram para tomar cuidado com o excesso de contato físico, porque é considerado ofensivo, invasivo, desrespeitoso, sei lá. Contive-me. Em Praga, conversei com uma mocinha acerca do assunto e ela disse que eles, por uma questão cultural, são menos efusivos, mais contidos, mas que alguns estão aprendendo a gostar e a abraçar com os turistas brasileiros – a invasão brasileira serve para alguma coisa, além de movimentar a economia falida deles -. Ao final do passeio – ela era guia num daqueles walking tour – perguntei se poderia lhe dar um “brasilian hug”. Ela abriu os braços e disse: “Sure!” Ficou meio dura, mas não ficou com o braço pendurado. Tá aprendendo.
Então é isto, Broguinhos, sintam-se abraçados, apertados, agarrados e amarrotados.
PS: Este post é dedicado a Luiz Henrique e Jorge Guimarães, aniversariantes da semana e excelentes abraçadores.