Querido Brógui,
Alguns vão lembrar desta música. Quem nunca ouviu, nunca é tarde para conhecer A Cor do Som. Banda criada em 1977, por músicos que acompanhavam Moraes Moreira quando ele saiu dos Novos Baianos. Mú, Dadi, Armandinho, Ary Dias, Gustavo Schroeter. Galera abençoada, que trouxe – e ainda traz – alegria.
Em tempos de tomatomatomatoma sentasentasentasenta, é uma bênção escutar algo que realmente vale à pena. O amor precisa para viver de emoção e de alegria e ter que regar todo dia. A rotina é a grande vilã, assim como a distância, o excesso de ocupações, a preguiça, o cansaço. Mas o amor Sim, é como a flor. Uma semente que tem que ser cuidada, paparicada, olhada. Não basta plantar e largar pra lá. Até um cacto tem que ser regado vez por outra.
Plantar amor é até fácil. Difícil é conservar e não deixá-lo morrer. Dá um trabalhão, mas trabalhão que dá prazer e muita muita alegria. Quantos têm o privilégio, como temos, de ter amores de anos, décadas? Amores que criam laços que, como disse Mário Quintana, não prendem, não escravizam, não apertam, não sufocam. Amores regados de amor. E fé. E esperança.
Fé e esperança – Mamãe sempre falava isso. Ter fé e esperança. Fé é uma convicção. É acreditar, mesmo sem provas, mesmo que todas as evidências apontem em outra direção. Ter fé é esperar que o que queremos que aconteça, vai acontecer. Esperar com fé é ter esperança. Confiança na possibilidade. Fé e esperança andam de mãos dadas. Não consigo ver uma sem a outra. No jardim da fé eu já plantei um pé de esperança.
À fé e à esperança acrescento o amor. Fé e esperança plantados no amor. Aquele amor que vem em várias formas. Amor de amigo. Amor dado e recebido de pessoas que nem conhecemos direito. Amor de casal. Amor de familiares. Amor via internet. De máscara. No olhar, na voz. Qualquer maneira de amor vale à pena. Qualquer maneira de amor valerá.
Na linha guru espiritual, a ordem de hoje é escutar A Cor do Som, cantar junto, levantar da frente do computador e dançar. Larga tudo. Para tudo. Solte a franga. Quando acabar a música põe pra tocar de novo, de novo, de novo, aumenta o volume, cante mais alto, pule, pule, pule – até o vizinho estressado ameaçar chamar a polícia porque você endoidou de vez. Aí você bota a cara fora da janela e canta pro vizinho.
Um abraço de laço, Broguinho.
PS: De brinde, segue Mário Quintana
O Laço e o Abraço (Mário Quintana)
Eu nunca tinha reparado como é curioso um laço…
Uma fita dando voltas.
Enrosca-se, mas não se embola, vira, revira, circula e
pronto: está dado o laço.
É assim que é o abraço: coração com coração, tudo
cercado de braço.
E quando puxo uma ponta, o que é que acontece?
Vai escorregando…
Devagarzinho, desmancha, desfaz o abraço.
E saem as duas partes, iguais meus pedaços de fita, sem
perder nenhum pedaço.
Então o amor e a amizade são isso…
Não prendem, não escravizam, não apertam, não sufocam.
Porque quando vira nó, já deixou de ser um laço!