Fatinha

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Tô indo. De novo.

In humor on 30/09/2014 at 8:26 AM

Querido Brógui,

Minha primeira viagem, digo, não a primeira, primeira mesmo, mas a primeira para o exterior, aconteceu em um momento em que eu estava em crise. Emocionalmente abalada, questionando os rumos da minha vida e para onde estavam me levando os caminhos – tanto os que havia escolhido, como os que me haviam sido impostos por força das circunstâncias. Eu tinha certeza de que não era aquilo que eu queria para mim, mas não sabia como sair daquilo. Eu não tava feliz, me sentia sugada, deprimida. Então, decidi que precisava fazer alguma coisa além de ficar chorando pelos cantos e posando de vítima.

Havia uma colega minha do trabalho que habitualmente viajava. Num rompante pedi à ela que, na sua próxima viagem, me deixasse acompanhá-la. E assim foi. Mais ou menos. Na verdade ficamos juntas apenas nos primeiros dias e nos últimos. Ela tinha outros planos e eu também. Grande parte do tempo fiquei sozinha, dando conta de sobreviver. Sobrevivi, não sem arranhões. Melhor: vivi.

Quando desembarquei em Londres, me vi na calçada em frente à Victoria Station, com a mala na mão, um frio horroroso e sem a menor noção para que lado devia caminhar. Era cedo ainda, mas em Londres, no inverno, quatro horas da tarde é noite fechada. As calçadas molhadas, andei com cuidado para não quebrar uma perna. Cheguei ao hotel, como cheguei a todos os lugares que quis. Cheguei a todas as estações de trem, aeroportos, museus, parques, castelos. Cheguei a todas as cidades que quis, cheguei à casa da Cecília, cheguei a todas as obras de arte, arcos, igrejas, cheguei ao Brasil.

Nem tudo foram flores, muita coisa deu errado, tive muito medo, chorei sentada na beira da cama algumas vezes. É, Brógui. Eu tenho medo sim, mas meu medo não me paralisa. Eu choro na beira da cama, sim, mas rapidamente tomo pé da situação, lavo o rosto e sigo. O que dá errado, eu conserto. Aprendi com esta viagem que sou perfeitamente capaz de dar conta de mim.

Depois daquela, já fiz outras, sempre seguindo em frente, com meu mapinha na mão, minhas botas surradas, minha mochila. Cada vez fica melhor. Eu fico melhor.

Hoje estou indo para Nova Iorque. Nunca pensei em ir pra lá, mas as conjunções astrais me levaram a este novo destino. A vida me convidou e eu aceitei.

Mando notícias.

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