Fatinha

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Rolezinho

In humor on 19/01/2014 at 9:48 PM

Querido Brógui,

Quando ouvi pela primeira vez essa palavra “rolezinho”, a primeira coisa que passou pela minha cabeça foi um bifinho rolé em miniatura. Depois saquei que não era bem isso.

No rádio, ouvi que era um movimento de protesto dos jovens da periferia de São Paulo que reivindicavam espaços de lazer, inexistentes no local onde moram. Continuei sem entender muito bem, até que, em outro comentário, também no rádio, acrescentaram a informação que os rolezinhos aconteciam nos shoppings. Um acadêmico explicou que o jovem pobre se sente alijado de opções culturais garantidos ao jovem rico e que estavam usando as redes sociais para combinar incursões aos shoppings.

Daí veio um tumulto na porta de um shopping chique, convocado por militantes do movimento dos sem-terra, sem-teto, sem-o-que-fazer. Pronunciamento de Ministros, dizendo que os rolezinhos eram demonstrações da revolta dos jovens negros e pobres contra os brancos.

Então, li em uma revista outra explicação, completamente diferente, dada por um dos meninos que faz as convocações . Ele disse que não tem protesto nenhum, que o rolezinho é feito em shoppings perto da casa deles, marcados com antecedência porque eles precisam ir montados. Quer dizer, os meninos e meninas da periferia vão pro shopping arrumados, de preferência com roupas de grife – o entrevistado inclusive tem patrocinador – pra dar beijo na boca, socializar.

No jornal, continuam batendo na tecla do movimento social, da adesão de black blocks, da insegurança causada ao paraíso com ar condicionado.  É claro que sempre haverá quem aproveite pra fazer tumulto, invadir lojas, depredar, saquear. Não há como evitar a ação do espírito de porco.

Sabe o que eu acho?

Que tem nego querendo pegar carona no rolezinho alheio. Acredito mesmo que a garotada só quer ficar mesmo andando pra lá e prá cá paquerando, gastando o que podem e o que não podem pra satisfazer a fome de usar roupas, bonés e tênis de grife. Não estou dizendo que pobre não pode querer usar grife, nem vou entrar no mérito da sociedade de consumo,  na discussão sociológica, antropológica, moral da coisa. Só estou dizendo que a versão mais simples me pareceu a melhor.

Também acho que  o entendido no assunto que disse no rádio que o jovem da periferia não tem opção de lazer e cultura, mirou no que viu, mas acertou no que não viu. Se esse fosse mesmo o objetivo do suposto protesto, por que não protestar pelo direito ao acesso à bibliotecas,  museus ou teatros? Por que não combinar de ” invadir” um Centro Cultural?

Por último, o que não faz um ano de eleições na cabeça de um político. Ficam dando piruadas surreais, invocando a luta de classes, estimulando preconceitos invertidos, surfando na onda do nada-a-ver, dizendo que o direito de ir e vir está sendo violado e outras bobagens do gênero.

Só sei que a meninada paulista tá revoltada porque não tá mais podendo ir ao shopping se exibir e tentar desencalhar sem que isto seja taxado como ato criminoso. Com razão.

 

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