Querido Brógui,
Como todo mundo (normal), estou com sono. Odeio o horário de verão. Acordar mais cedo, no escuro, sem saber ao certo onde estou e para onde vou, é sofrido. Não adianta dizer que basta dormir uma hora mais cedo, o corpo não entende isso e o máximo que consigo é ficar virando na cama como um bife na chapa. Resultado, ontem e hoje precisei de uma dose cavalar de corretivo para disfarçar a cara de guaxinim. Não fez muito efeito: fiquei parecendo um guaxinim maquiado.
Meu cérebro demora a dar o start. É como computador antigo, que é lento para fazer a inicialização. Ou como televisão à válvula (céus! lá em casa tinha uma televisão preto e branco que precisava esquentar até aparecer a imagem!). Então, pela manhã, apenas alguns aplicativos estão em funcionamento: o do fazer uma caneca de café, o de encontrar o banheiro e o de colocar a roupa já previamente separada. O restante, como o da fala, por exemplo, fica com aquela ampulheta girando e a legenda : aguarde enquanto é feita a atualização dos arquivos e as configurações estão sendo carregadas.
Então, li uma reportagem que dizia que uns cientistas descobriram que dormir serve para o cérebro fazer uma espécie de “faxina” das toxinas deixadas para trás após um dia de “trabalho pesado”, quando se pensa bastante. A “limpeza” seria uma das principais razões para o sono, segundo os pesquisadores.
Com toda a capacidade de reflexão que meu cérebro sujo permite, conclui que:
1. Quem trabalha pesado, tem mais toxinas no cérebro, logo, trabalhar, intoxica;
2. Trabalho pesado é quando se pensa bastante, logo, tem um montão de gente que é completamente desprovido de toxinas no cérebro;
3. Quem não pensa, não se intoxica, não sente sono;
Juntando as três premissas, temos que:
1. Trabalhar e pensar fazem mal à saúde;
2. Desconfie daquele que diz que não sente sono;
3. Um Brógui com sono fala muito mais bobagens do que um Brógui dormido.