Uma torta de chocolate esmigalhada, com nuts, chocolate e um creme semelhante ao creme de leite, mas mais levinho.
Obs: a neguinha parece mais contente nessa parte, não?
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Sobremesa húngara
In humor on 20/07/2013 at 2:40 PMComida Húngara
In humor on 20/07/2013 at 2:38 PMComida típica húngara, que vem a ser um ensopadinho de frango com uma massa que fica entre o nhoque e o miojo. O molho é sensacional.
Obs: atente para o bronzeado da neguinha!
Outro dia em Budapest
In humor on 18/07/2013 at 7:14 PMQuerido Brógui,
Creio que entrei em Budapeste pela porta dos fundos e a primeira impressão não é a que fica. Não mesmo. Vi lugares muito bonitos hoje, que nada ficam a dever a outros tantos vistos nas minhas andanças por aí.
Fui de metrô pro Centrum. Lá, foi abordada por uma moça que me ofereceu um pacote promocional naqueles ônibus hop on hop off. Negociei, disse que ia pensar, fui dar outra olhadinha na Basílica. Foi quando meu joelho bichado começou a doer. É, Brógui. Rendi-me às evidências. O corpinho tá dando sinais de exaustão. Então, engoli o orgulho e voltei pra fechar o pacote com a moça. Por 17 euros, nas próximas 72 horas, posso pegar o ônibus que faz aquele circular pelos lugares que o turista tem que ver senão morre, mais um passeio noturno e mais um hop on hop off de barco pelo Danúbio e free drinks em meia dúzia de restaurantes pelo caminho. Que lhe parece?
Comecei pela Sinagoga. É belíssima. O guia disse que ela é diferente das outras porque tentou fazer uma aproximação com as construções da Igreja Católica – por conta da discriminação sofrida pelos judeus. Não adiantou muito.
Fomos ao jardim, no qual há uns túmulos de judeus mortos durante a 2ª Guerra. Essa parte foi triste, sempre fico comovida quando vejo de perto essa parte tenebrosa da História. Fiquei triste assim em Praga, quando visitei o gueto judeu. Em situações normais, os judeus não enterram seus mortos dentro das sinagogas, como os Católicos tinham o hábito de fazer, mas esse caso foi especial. Ao final da guerra, quando os russos entraram na Hungria e abriram o gueto, havia centenas de corpos nesse lugar, todos mortos de inanição. Corpos que foram colocados nesse local pelos sobreviventes porque simplesmente não havia outro. Como não dava para removê-los, estavam em decomposição, enterraram ali mesmo. Depois, não retiraram mais porque os judeus não desenterram os seus. Em Praga, o cemitério judeu do gueto, por falta de espaço, tem várias camadas, porque os túmulos foram sendo feitos uns em cima dos outros.
Nos fundos dessa sinagoga, tem uma escultura linda. Olha só:
Cada folha da árvore tem o nome de um dos judeus mortos. Algumas não têm nome, são os que não foram identificados. Ao centro, a pedra preta, lembra aquelas que foram recebidas por Moisés com os mandamentos de Deus, só que não tem nada escrito, é vazado. Significa que tanta gente foi morta por causa da ignorância de outros tantos.
Nesta outra pedra estão escritos os nomes de pessoas que salvaram a vida de milhares de judeus, seja fornecendo passaportes falsos, como os escondendo em safe houses ou abrigando crianças órfãs. No meio de tanta desumanidade, houve quem arriscasse o próprio pescoço pelo próximo. Segui meu rumo menos triste.
Falei tanto da primeira parte do dia que faltou tempo – e disposição – pra contar o restante. Aqui, já passa da meia-noite e eu preciso descansar. Amanhã já tenho um dia cheio.
Em Budapeste
In humor on 17/07/2013 at 3:51 PMQuerido Brógui,
Cheguei ao último destino desta viagem: Budapeste, Hungria. O trem saiu às 11:48. Adoro isso. Fiquei olhando no relógio e não houve atraso. Não, não é porque é Europa. Em Praga o trem saiu depois do horário, a plataforma podia ser qualquer uma, ninguém sabia dar uma porra de uma informação – nem no balcão de informações – o assento marcado era uma ficção. Em Viena, tudo direitinho, como eu gosto. Sem agonia. Bem que me disseram que há países na Europa que não seguem o padrão Fifa de qualidade.
Chato foi a viagem demorar três horas, porque o trem é o maior cata-corno. Faz duzentas mil paradas. O meu vizinho era um barulhento, atendia celular, apitava Ipad, tocava o outro celular. Pra piorar ele ouvia música num outro aparelho, num volume tipo “Nem” ouvindo funk. Lá pelas tantas, lembrei que eu era uma europeia que nasceu no continente errado e pedi pra ele baixar o volume porque estava me incomodando.
É um certo choque sair da Áustria pra cá. Fui fazer um reconhecimento do terreno e fiz a burrada – mais uma – de ir caminhando até o centro histórico. Roubada total! Agora vou e volto de metrô, pra não ter que ver tanta feiura e decadência. Parece um certo país que conheço que é todo maquiado pra receber visitas, mas por baixo da maquiagem, nem banho tomou. Foi uma primeira impressão ruim, mas depois que cheguei onde os turistas belongs, comecei a aproveitar.
Primeira parada: trocar uns euros pelos benditos florins. Cada euro vale mais ou menos 300 florins. Fica fácil fazer as contas: ando duas casas decimais e sei aproximadamente quando dá em reais. Mas dá o maior susto pegar uma nota de dois mil.
Segunda parada: comer. Um bom e velho macarrão sempre é uma boa pedida. Aproveitei pra abrir meus mapas e tentar me localizar. Contei com a ajuda do garçom, já que o recepcionista do hotel fala um inglês impossível de entender. Senti saudades da recepcionista sorridente. Além de eu não o entender, ele também não me entendeu e a comunicação ficou truncada – não à toa, quase pego o metrô errado, porque perguntei se havia mais de uma linha e ele disse que não. Há três.
Achei o Danúbio, visualizei os dois lados – Buda e Peste. Estou do lado Peste. Acho que amanhã conseguirei me virar bem. Qualquer coisa, sempre há as walking tours (aquele que o guia vai trotando na frente e a turistada bufando atrás), os hop on hop off da vida (é um ônibus turístico que passa pelos pontos principais, você pode descer, dar uma olhada e depois pegar o próximo pra continuar o circuito. É uma ideia interessante.).
Como é o hotel? Quatro estrelas apagadas, é apertadinho, não tem lugar pra pôr a mala, tenho uma espetacular vista para um paredão branco-encardido, mas melhor que o de Praga, ao menos o ar-condicionado funciona.
Ok. Vou planejar o dia de amanhã.
Updating 2
In humor on 15/07/2013 at 3:37 PMQuerido Brógui,
Tô de barriguinha cheia, a comida daqui é nada leve e olha que tô tomando um digestivo logo após as refeições, mas fico sempre me sentindo uma surucucu depois de comer um bezerro inteiro.
Ontem, a alvorada foi às cinco da manhã, só que não por engano. Dei uma chegadinha em Salzburg, terra de nascimento de Mozart e da Família Von Trapp. Aliás, Mozart morou em um monte de lugares, nasceu em Salzburg, foi para Viena, passou por Praha, até em Bratislava o cara trabalhou. Oito horas por dia compondo. Um braçal.
Mas, em Salzburg, que significa “terra do sal”, o legal mesmo é ver os lugares onde foi filmado aquele filme e lembrar das músicas e das cenas. Vi a Igreja do casamento. Vi os jardins do Dó, ré, mi. Vi as catacumbas onde eles se esconderam depois do show. Não vi o anfiteatro, só com visita guiada e não dava tempo. O guia estressado engatou uma sexta e saiu trotando. Tudo porque uns turistas se perderam no caminho e perdemos preciosos minutos esperando ele encontrar os desgraçados.
Peguei o funiculare pra dar uma olhadinha no castelo lá em cima, não dei o mole de subir a pé. A cidade é uma coisinha linda também, pena que essa coisa e visita guiada é meio corrida e Salzburg fica a três horas daqui de Viena. Ir e voltar no mesmo dia é pesado, tem que ser na correria. Abri mão do almoço pra poder andar um pouquinho mais. No ponto de encontro, uma montoeira de ônibus de turismo, que não são autorizados a entrar no centro histórico, óbvio. E os ônibus param, a turistada entra rapidinho e parte, porque também não pode ficar parado esperando. Mais dois elementos do grupo sumiram, o guia saiu bufando atrás dos cabras enquanto o motorista ia dar a volta pra pegá-los no meio do caminho.
Observei que há grupos enormes de velhinhos viajantes. Uma gracinha! Eles passam o dia numa cidadezinha qualquer e vão embora. As senhorinhas todas arrumadinhas, uma grande parte de muletas, bengalas, nada impede os velhinhos europeus de curtir a vida.
Passei a viagem tagarelando com uma francesinha. É, achei uma francesa que falava inglês. Tosco, mas falava. Ela confirmou que os franceses se recusam a aprender inglês, e que em Paris, todos são uns metidos. Aliás e a propósito de papo furado, puxo conversa com todo mundo. Nada parecido com o poço de antipatia que sou normalmente.
Na viagem de trem de Praha pra cá, cinco exaustivas horas, vim trocando ideias com um russo. Um rapazinho que mora em Viena e saiu da Rússia fugindo do serviço militar obrigatório. Disse que não volta mais, porque se voltar, pegam ele. O serviço militar lá é barra pesada, segundo ele. Faz o treinamento dos caveiras parecer um piquenique na praia. Falamos de tudo um pouco, o garoto era inteligente e esclarecido.
Hoje minhas vítimas foram um casal de americanos moradores de Chicago. Almoçamos juntos, falamos sobre corrupção e correlatos. Ponto em comum: os políticos, em sua maioria são uns aproveitadores e o povo, burro. There is a especial place in the hell for them!
No barco, tricotei com uma egípcia. Assunto: a crise lá na terra dela, como eles estão tentando proteger os seu patrimônio histórico da estupidez dos radicais (tentaram botar fogo num acervo enorme e só não conseguiram porque outro grupo fez uma parede humana na frente do prédio). Morro de aflição só em pensar no dano irreparável que esses monstros podem vir a causar. Ela disse que um ex-ministro da cultura andou negociando com outros países pra tirar esses tesouros de lá, mas há coisas que não podem simplesmente ser encaixotadas e enviadas pra fora do país. Como empacotar uma pirâmide?
Conclusão: conhecer lugares diferentes é legal, colecionar imãs de geladeira também, mas bom mesmo é conhecer pessoas de lugares diferentes e colecionar histórias.
Updating
In humor on 15/07/2013 at 1:14 PMQuerido Brógui,
Obrigada que sou a falar inglês o dia inteiro, o título do post tem que ser nesta língua. Não tive tempo de falar com você nos últimos dias, então tentarei passar um breve informe.
No momento, estou em Viena, num hotel à nossa altura, recepcionistas sorridentes, ar-condicionado, casinha limpinha. Fica num lugar chamado Westbanhof, perto da estação de trem e metrô que têm o mesmo nome. O lugar é meio esquisito, mas safe, de acordo com a recepcionista sorridente. Na esquina tem um puteiro, digo, uma casa de tolerância, ao lado uma daquelas boates onde fica mulher pelada na janela (Lelena, não vimos em Amsterdam, fui ver aqui, sem querer!) e do outro lado da rua uma sexshop.
Well, pegando o metrô, estou em dez minutos em Stephanplatz, no olho do furacão turístico. A passagem do metrô é caríssima, como tudo por aqui (André, sete euros por um bilhete 24 horas é um assalto, considerando que só vou e volto uma vez e não tem como comprar uma viagem só). Consegui comprar o ticket sozinha, após ler as instruções em alemão. Não eu não falo alemão, mas tive que dar meu jeito e rezar pra não fazer caca.
Fui acordada hoje às cinco horas da manhã pelo recepcionista sorridente. Good morning, it’s your wake up call. What? Era pra me acordar à seis e meia. Sorry, you can sleep one more hour. Seis horas. Good morning again. It’s your wake up call again. Os austríacos têm um senso de humor pitoresco.
Um motorista fofo veio me buscar. Fofo, até arrumar o maior barraco na porta de outro hotel porque outro motorista estacionou errado. Depois de xingar a mãe do coleguinha, virou para mim sorridente e continuou a conversar fiado como se nada tivesse acontecido.
Cheguei a Bratislava uma hora e meia depois. Where the fuck is Bratislava? Assim está escrito na camiseta que eu tive que comprar. Bratisllava fica na Eslováquia e os eslovacos também têm senso de humor, vide a camiseta. Aqui por essas bandas tudo fica meio embolado, se você cuspir com força, acerta no país vizinho. A cidade é uma gracinha, com aquelas ruazinhas estreitas, com arquitetura de vários períodos. Tem gótico, renascentista, barroco, rococó. Fruto de guerras, invasões, golpes, comunismo, derruba, reconstrói.
A volta foi de barco, que quase perdi, porque ao invés de andar para a esquerda do rio, fui para a direita. Corri que nem uma vaca, mas cheguei e consegui aproveitar a viagem pelo Danúbio, que não é azul. Desci do barco noventa minutos depois, olhei para um lado, olhei para o outro, ninguém tinha ido me buscar pra me devolver ao hotel. Olhei para a rua em frente, e pronto: tô local. Stephanplatz ao fundo. Metrô, Westbanhof, puteiro, boate, sex shop. Tô local.
Recepcionista sorridente, natural de Bratislava. Did you enjoy your tour? Me derreti em elogios. Did you enjoy your lunch bag? A recepcionista sorridente tinha mandado fazer pra mim um lanchinho pra viagem: uma baguete gigantesca, iogurte, suco de laranja, barrinha de cereais, maça gigantesca, bolinho. Fofa, não? Me derreti novamente e subi pro meu quartinho fresquinho, silencioso, cheirosinho.
Vou comer alguma coisa e depois continuo a atualização. Não desligue o seu computador.
Ceske Krumlov
In humor on 09/07/2013 at 3:59 PMQuerido Brógui,
Leia: Tchesqui Crumlov. Ceske tem um acento no c que não tenho a menor ideia de como colocar. É um circunflexo virado de boca pra cima. Quando o c leva esse acento, vira uma outra letra, tche. Fala sério: mais uma semana aqui tô dominando a língua. Ceske significa que Krumlov faz parte da República Tcheca. Simples, não? Quer dizer, complexo pra caramba. O guia cubano falando em inglês explicou toda a história do país, que é uma coisa de louco: junta daqui, separa dali, invadido por nazistas, russos, comunismo, democracia, monarquia, república, judeus, cristãos , ateus, muita informação para um Brógui só. O básico é: esse país sofreu mais que sovaco de aleijado.
O tour começou com o motorista do ônibus aqui na porta do hotel, bufando de ódio, trinta minutos antes do marcado. Eu estava pronta, mas o cabra só faltou me fuzilar com o olhar. Nem pedi desculpas, entrei no micro-ônibus que fedia a pum, me agarrei no braço da poltrona, rezei pro Menino Jesus de Praga e lá fui eu.
Obs número 1: todo motorista de ônibus é louco. Eu vivi coisas que me remeteram a um certo país da América Latina: acelerações bruscas, freadas de sacudir o café da manhã dentro do estômago, manobras no meio da rua, saída pela contramão. Quando o cara deixou o ônibus morrer, eu não aguentei e disse rindo, em português: “o que é isso, meu camarada?”. Ele foi obrigado a rir também e respondeu eu alemão que o ônibus kaput. Ninguém resiste a uma piadinha brasileira, seguida de um sorriso de orelha a orelha. Nem um truculento motorista de ônibus. E olha que ele não entendeu xongas do que falei.
Por falar em falar português, uma senhora que estava no grupo, dentro do castelo, ia andando olhando pro teto e eu, em uma fração de segundos agarrei no seu braço e impedi uma queda cinematográfica escada abaixo. Niqui eu a segurava, gritei: “olha pra frente!” E continuei falando: “A senhora ia se estabacar!” Ela sorriu e agradeceu. Em alemão.
Por falar em grupo, eram australianos, neo-zelandeses, americanos e eu. Tô sempre enfiada no grupo errado. O guia, coitado, ficava falando tudo em inglês e depois em espanhol, até que eu o informei que no Brasil não falamos espanhol e que tudo bem ele falar só em inglês. Pelo menos eu não tinha que ouvir as mesmas piadinhas sem-graça nas duas línguas.
Por falar em guia, obs número 2: todo guia é antes de tudo, um chato de galochas. É pré-requisito, condição sine qua non. Tem que. Tadinho, era tímido, ria de nervoso, tentava ser legal, mas era um chato. Quase bati nele quando ele gritou: “Brasil! Lula!” Eu gritei de volta: “Cuba! Fidel!” Rolou um certo constrangimento.
Por falar em constrangimento, a guia local que nos mostrou o castelo, era uma mocinha que devia estar iniciando na profissão. Não sabia tudo de cor, ficava parando toda hora pra lembrar dos nomes e datas e eventos, esquecia as palavras em inglês, pedia ajuda à plateia, achei que ela ia começar a chorar a qualquer momento. Mas foi até o fim. É assim o povo tcheco, não desiste nunca.
Por falar em não desistir nunca, eu desisto de tentar me lembrar o que ia contar pra você. Entrei em tantos atalhos que nem com mapa me acho de novo. Foi mal.
Praha, a saga continua
In humor on 08/07/2013 at 4:37 PMQuerido Brógui,
Acordei virada, cheia de dores pelo corpo, pela primeira vez sentindo o tal do fuso horário, um mal-humor daqueles que você bem conhece. Mas, não tô aqui pra dormir em euros, muito menos nesse hotelzinho de mierda. Tomei duas canecas de café, um pãozinho safado com queijo camembert (é assim que escreve? pobre só sabe escrever queijo prato) e fui pra rua.
Achei a estação de trem e já estou com a passagem pra meu próximo destino. Entrei pelos fundos da Main Station e levei um bom tempo pra descobrir onde comprava o ticket, outro tempo pra descobrir como saia da estação.
Segui procurando a tal da Dancing House, tirei duas fotos (antes que comece a encher meu saco, eu tentei passar as fotos da cãmera teco-teco pro netbook teco-teco. nem com macumba.). Vai no gúgou quem tem a foto. Passei por um belo jardim, um monte de branquelos torrando no gramado, achei a Ópera de Praha, em obras, fui margeando o Rio Vlatva, olhando lá longe o Castelo. Comi um doce maravilhoso no café Kafka e fui atendida por um garçom lindo e educado. Na hora H, o cartão não passou. Puxei o outro. Não passou. O garçom revirou os olhinhos e disse que o wi-fi do restaurante estava com problemas. É. Revirou os olhinhos azuis. Lindo, educado e viado até o último fio do seu cabelo louro. Puxei uma nota de quinhentas coroas, que corresponde mais ou menos a cinquenta reais, ele não tinha troco. Fiz cara de paisagem e o doce ficou por conta de Kafka.
O mais legal de hoje não foram as paisagens históricas, o museu do gueto, nem o cemitério dos judeus, o mais legal foi ver um carro ser içado pela polícia. Içado, Brógui. O policial colocou uns ganchos nas rodas, o carro foi levantado e depositado no caminhão. Reboque? Isso é coisa de terceiro mundo!…
A segunda coisa mais legal foi escutar um “oxente” dentro de uma loja, mas não deu tempo de ver quem era.
A terceira foi a conversa surreal no bar do hotel. Eu, com meu inglês macarrônico, a tcheca com um inglês cheio de erres e um polonês com inglês nenhum. Chegamos à brilhante conclusão que, enquanto tivermos mãos, papel pra fazer desenhos e boa vontade, podemos conversar até com marcianos. Faltando o último requisito, nada acontece. – desculpe Luiz Henrique, mas eles compartilham comigo o ódio pelos parisienses. Depois de um copo d’água e um café, nem lembrava mais que tinha pé, nem que a panturrilha estava em pandarecos. Energia positiva é tudo, um sorriso é tudo, um cigarro e uma caneca de cerveja compartilhados são tudo, ser conterrâneo do Neymar é tudo. Praha é tudo.
Chegando em Praga
In humor on 06/07/2013 at 4:55 PMQuerido Brógui,
Uma Europa diferente da que eu já tive o prazer de visitar: sem friaca, sem chuva, nove horas da noite e ainda não escureceu (só voltei pro hotel porque minhas pernas não estavam mais me obedecendo).
O hotel, quatro estrelas – apagadas – é muito mais ou menos. Vale estar perto do centro histórico. O ar condicionado não funciona, um calor filhodaputa dentro do quarto e a mocinha da recepção mandou eu descer pra pegar um ventilador! Como já havia passado a noite em claro no avião, feito conexão em Paris – não aguento mais essa cidade, é a quinta vez que vou lá! – , perdido meu brinquinho de ouro, achei melhor descer pra pegar o ventilador e não azedar meu passeio.
Tomei um bom banho (ainda que o sabonete do hotel tenha deixado minha pele suave como uma lixa e a toalha finalizado o peeling), desci, peguei o ventilador e me mandei pra fazer o reconhecimento do terreno. Como era de se esperar, me empolguei e acabei fazendo hoje o passeio planejado para amanhã. Vi de um tudo, desde pregação de um pastor (ainda bem que não entendi nada), até um cara sapateando em cima de um banquinho, estátuas vivas padrão La Rambla, uns adolescentes cantando músicas típicas, gente pra lá e pra cá, localizei a tal da Old Town ( mas não aguentei explorar a descoberta). Vi uma feirinha, cristais e mais cristais, lojas em liquidação (sorte que não me adaptei ainda à moeda local e estava cansada demais pra ficar fazendo contas de cabeça pra ver se o produto era caro ou barato). Vi o tal do relógio, a Praça Venceslau e achei um museu de brinquedos sexuais. Aqui tem cassinos também e milhões da casas de câmbio.
Demorei pra achar um lugar pra comer. Não por falta de opção, até no meio da rua tem, mas tudo escrito sem tradução, e umas coisas engorduradas… fiquei com medo. Além disso, é pra comer em pé e eu não tava com energia. Caí mesmo no velho e bom macarrão (frio) com Coca Light – aqui .tem – (quente). Vi um pobre de um leitãozinho rolando no braseiro que nem frango de padaria. Resisti bravamente ao óbvio sanduíche daquela cadeia ou muffins daquela outra cadeia ou pizza daquela outra. Enquanto comia, olhava os mapas e consegui me encontrar.
Não, não tirei fotos. Esqueci a máquina. Foi mal.