Querido Brógui,
Cheguei ao último destino desta viagem: Budapeste, Hungria. O trem saiu às 11:48. Adoro isso. Fiquei olhando no relógio e não houve atraso. Não, não é porque é Europa. Em Praga o trem saiu depois do horário, a plataforma podia ser qualquer uma, ninguém sabia dar uma porra de uma informação – nem no balcão de informações – o assento marcado era uma ficção. Em Viena, tudo direitinho, como eu gosto. Sem agonia. Bem que me disseram que há países na Europa que não seguem o padrão Fifa de qualidade.
Chato foi a viagem demorar três horas, porque o trem é o maior cata-corno. Faz duzentas mil paradas. O meu vizinho era um barulhento, atendia celular, apitava Ipad, tocava o outro celular. Pra piorar ele ouvia música num outro aparelho, num volume tipo “Nem” ouvindo funk. Lá pelas tantas, lembrei que eu era uma europeia que nasceu no continente errado e pedi pra ele baixar o volume porque estava me incomodando.
É um certo choque sair da Áustria pra cá. Fui fazer um reconhecimento do terreno e fiz a burrada – mais uma – de ir caminhando até o centro histórico. Roubada total! Agora vou e volto de metrô, pra não ter que ver tanta feiura e decadência. Parece um certo país que conheço que é todo maquiado pra receber visitas, mas por baixo da maquiagem, nem banho tomou. Foi uma primeira impressão ruim, mas depois que cheguei onde os turistas belongs, comecei a aproveitar.
Primeira parada: trocar uns euros pelos benditos florins. Cada euro vale mais ou menos 300 florins. Fica fácil fazer as contas: ando duas casas decimais e sei aproximadamente quando dá em reais. Mas dá o maior susto pegar uma nota de dois mil.
Segunda parada: comer. Um bom e velho macarrão sempre é uma boa pedida. Aproveitei pra abrir meus mapas e tentar me localizar. Contei com a ajuda do garçom, já que o recepcionista do hotel fala um inglês impossível de entender. Senti saudades da recepcionista sorridente. Além de eu não o entender, ele também não me entendeu e a comunicação ficou truncada – não à toa, quase pego o metrô errado, porque perguntei se havia mais de uma linha e ele disse que não. Há três.
Achei o Danúbio, visualizei os dois lados – Buda e Peste. Estou do lado Peste. Acho que amanhã conseguirei me virar bem. Qualquer coisa, sempre há as walking tours (aquele que o guia vai trotando na frente e a turistada bufando atrás), os hop on hop off da vida (é um ônibus turístico que passa pelos pontos principais, você pode descer, dar uma olhada e depois pegar o próximo pra continuar o circuito. É uma ideia interessante.).
Como é o hotel? Quatro estrelas apagadas, é apertadinho, não tem lugar pra pôr a mala, tenho uma espetacular vista para um paredão branco-encardido, mas melhor que o de Praga, ao menos o ar-condicionado funciona.
Ok. Vou planejar o dia de amanhã.