Fatinha

Ceske Krumlov

In humor on 09/07/2013 at 3:59 PM

Querido Brógui,

Leia: Tchesqui Crumlov. Ceske tem um acento no c que não tenho a menor ideia de como colocar. É um circunflexo virado de boca pra cima. Quando o c leva esse acento, vira uma outra letra, tche. Fala sério: mais uma semana aqui tô dominando a língua. Ceske significa que Krumlov faz parte da República Tcheca. Simples, não? Quer dizer, complexo pra caramba. O guia cubano falando em inglês explicou toda a história do país, que é uma coisa de louco: junta daqui, separa dali, invadido por nazistas, russos, comunismo, democracia, monarquia, república, judeus, cristãos , ateus,  muita informação para um Brógui só. O básico é: esse país sofreu mais que sovaco de aleijado.

O tour começou com o motorista do ônibus aqui na porta do hotel, bufando de ódio, trinta minutos antes do marcado. Eu estava pronta, mas o cabra só faltou me fuzilar com o olhar. Nem pedi desculpas, entrei no micro-ônibus que fedia a pum, me agarrei no braço da poltrona, rezei pro Menino Jesus de Praga e lá fui eu.

Obs número 1: todo motorista de ônibus é louco. Eu vivi coisas que me remeteram a um certo país da América Latina: acelerações bruscas, freadas de sacudir o café da manhã dentro do estômago, manobras no meio da rua, saída pela contramão. Quando o cara deixou o ônibus morrer, eu não aguentei e disse rindo, em português: “o que é isso, meu camarada?”. Ele foi obrigado a rir também e respondeu eu alemão que o ônibus kaput. Ninguém resiste a uma piadinha brasileira, seguida de um sorriso de orelha a orelha. Nem um truculento motorista de ônibus. E olha que ele não entendeu xongas do que falei.

Por falar em falar português, uma senhora que estava no grupo, dentro do castelo, ia andando olhando pro teto e eu, em uma fração de segundos agarrei no seu braço e  impedi uma queda cinematográfica escada abaixo. Niqui eu a segurava, gritei: “olha pra frente!” E continuei falando: “A senhora ia se estabacar!” Ela sorriu e agradeceu. Em alemão.

Por falar em grupo, eram australianos, neo-zelandeses, americanos e eu. Tô sempre enfiada no grupo errado. O guia, coitado, ficava falando tudo em inglês e depois em espanhol, até que eu o informei que no Brasil não falamos espanhol e que tudo bem ele falar só em inglês. Pelo menos eu não tinha que ouvir as mesmas piadinhas sem-graça nas duas línguas.

Por falar em guia, obs número 2: todo guia é antes de tudo, um chato de galochas. É pré-requisito, condição sine qua non. Tem que. Tadinho, era tímido, ria de nervoso, tentava ser legal, mas era um chato. Quase bati nele quando ele gritou: “Brasil! Lula!” Eu gritei de volta: “Cuba! Fidel!” Rolou um certo constrangimento.

Por falar em constrangimento, a guia local que nos mostrou o castelo, era uma mocinha que devia estar iniciando na profissão. Não sabia tudo de cor, ficava parando toda hora pra lembrar dos nomes e datas e eventos, esquecia as palavras em inglês, pedia ajuda à plateia, achei que ela ia começar a chorar a qualquer momento. Mas foi até o fim. É assim o povo tcheco, não desiste nunca.

Por falar em não desistir nunca, eu desisto de tentar me lembrar o que ia contar pra você. Entrei em tantos atalhos que nem com mapa me acho de novo. Foi mal.

 


Descubra mais sobre Querido Brógui

Assine para receber os posts mais recentes por e-mail.

  1. Só você mesmo para mandar um “Cuba! Fidel!”.

    Curtir

  2. Tô gostando de ver. Essa viagem promete! rs Bjs.

    Curtir

FALAÊ!

Descubra mais sobre Querido Brógui

Assine agora mesmo para continuar lendo e ter acesso ao arquivo completo.

Continue lendo