Querido Brógui,
Domingo, sete horas da manhã. Adoro o silêncio do domingo, sete horas da manhã. Adoro o silêncio. A essa hora, só é quebrado pelos ruídos dos passarinhos na sua faina matinal, arrematando seus ninhos, buscando comida, água. Vê essas fotos? Na primeira, mal dá pra enxergar o ninho. Passarinho também gosta de privacidade – que eu invadi pra tirar essas duas fotos.
Pense no trabalho que deu pra fazer essa obra de engenharia. Usando só o bico, sem cimento, sem durepox, sem superbonder. Voando pra lá e pra cá, catando material de construção, tecendo, tomando conta pra ninguém mexer. Ele saiu do ninho quando me viu. Deu um rasante na minha cabeça e ficou olhando de longe. Não atrapalhei muito, alguns minutos que para ele devem ter sido sofridos. Imagine a agonia de ver um monstro com eu tão perto de sua casinha, casinha esta que já é a segunda – na última ventania o outro ninho caiu, com ovinhos e tudo. Mas o bichinho valente, determinado, levantou o bico e fez outro. Maior, mais bem acabado, mais protegido, mais firme.
Domingo, sete horas da manhã. Tão cedo e eu já aprendi tanta coisa com uma criaturinha pequenina!