Querido Brógui,
Vez por outra você é obrigado a me ouvir falar da faina que é comprar uma calça jeans. Tá lembrado da lenga-lenga? Não passa nos quadris, fica frouxa na cintura, é baixa demais, amassa a bunda… Agora podemos acrescentar à lista a panturrilha. As novas modelagens não ultrapassam a barreira da minha poderosa panturrilha. Nem estou falando da tal da skinny (é assim que se escreve?), tô falando da calça reta mesmo. Vou para o provador e a calça fica entalada.
“Inventaram” agora um modelo chamado boot cut, que é justa até o joelho e depois vai abrindo até ficar com aquele bocão. Manja a boca-de-sino? Isso é coisa do passado. Agora é boot cut. Aprenda. Me animei toda até perceber que caía no mesmo problema dos quadris apertados, cintura sobrando quatro dedos e a bunda amassada.
Decidida a partir pra experimentar o lançamento daquela marca que não me paga pra fazer propaganda, andei pesquisando na internet. Não tive sucesso porque a calça é importada e tem umas medidas que nem sei o que significam, tipo 24W X 32L. Que diabo é isso? Combinei com uma amiga de ir na loja pra assuntar e depois comprar pela internet – sai, mesmo com frete, muuuuuuito mais barato.
Eis que, andando pelo supermercado – que também não me paga pra fazer propaganda – dei de cara com um tabuleiro com uma pilha de calças. Preço: R$ 19,90. Incrédula, olhei de novo. Promoção: de R$ 19,90 por R$ 17,90. Mergulhei na banca, achei uma do meu tamanho, pensei: “Por que não?”. Me enfiei num provador – sem tranca – e qual não foi minha surpresa ao ver que a ordinária ficou perfeita em mim. Não precisa ajustar nada, nem bainha, nem cintura, nadinha.
Cheguei a casa toda feliz com a aquisição. Meu pai, também meu personal stilist, olhou no fundo dos meus olhos e disse: “Seu nível está baixando mesmo, minha filha. Comprando roupa no mercado?”. Tô nem aí. Assumirei de vez minha faceta povão, ordinária, feirinha, tabuleiro. Mas em cima do salto, metida a besta como sempre.