Fatinha

Archive for 29 de maio de 2011|Daily archive page

O que eu acho disso?

In humor on 29/05/2011 at 7:26 PM

Querido Brógui,

Você, meu fiel seguidor, fica me cobrando posicionamentos e opiniões como se eu, pobre de mim, fosse detentora de algum tipo de visão privilegiada das coisas. De forma alguma. O que posso lhe oferecer é mero “achismo”, chutes mesmo, daqueles desprovidos de qualquer compromisso com a verdade (se é que ela existe).

Por outro lado, quão mais em cima do muro eu puder ficar, melhor pra mim, dá menos trabalho. Quando vejo alguma polêmica, quando percebo que há um grupinho discutindo coisas sérias, me finjo de morta, saio de fininho, vou me esconder no banheiro. Pura preguiça de discutir, de argumentar, ter que fundamentar o que verbalizo, tomar cuidado com as patrulhas idelógicas. Me deixa quieta no meu canto, não sou oráculo, na maioria das vezes falo sem nem saber direito do que estou falando (coisa de geminiano, o especialista em generalidades). Mas, não. Você insiste em querer saber o que eu acho, o que eu penso, e ainda diz que sou inteligente. Ok. Então lá vai.

Acho absurdo termos que ficar discutindo se a gramática tem que ser respeitada ou não, se a forma oral de expressão é ou não desvalorizada, que não há certo ou errado e etc etc etc. Amo a língua portuguesa, ela é a mais bonita do mundo, ainda mais em se tratando do português-brasileiro, que ganhou toques enriquecedores africanos e indígenas. Respeitar normas gramaticais nada mais é do que preservar parte de nossa identidade cultural, ou será que só há identidade cultural quando as pessoas se apropriam da língua e a transfiguram? A língua é viva, há palavras que caem em desuso, outras têm seu significado ampliado, tudo bem. E daí? Vamos então ir detonando a língua portuguesa aos pouquinhos? Pergunte a um inglês ou a um francês o que eles acham do assunto e eles vão dar na sua cara. Valorizar o saber popular é uma coisa, negar ao povo o conhecimento de que há uma norma culta, é outra. Pra mim, isso é que é discriminação. Como diz Bão, só vai aumentar o fosso.

Acho que essa morte do Bin Laden, o respeitoso funeral no mar e tudo o mais, o maior caô. Cadê o defunto? Além disso, muito me preocupa essa licença para matar dada aos americanos por eles mesmos e o mundo todo fingindo que não houve uma violação dos direitos humanos e da soberania de uma outra nação. Foi uma historinha muito da mal contada, cheia de furos e sem documentação alguma. Como foi a participação do Paquistão na coisa toda? Não sabiam de nada? Sabiam de tudo e olharam pro outro lado? Os americanos podem ir entrando na casa dos outros e tá tudo certo? Matar sem julgamento, torturar, tá certo? Pessoas comemorando na rua?

Acho que o Palocci tem culpa no cartório, sim. Consultoria é consultoria, lobby é lobby e tráfico de influência é tráfico de influência. Li no jornal que há uma linha muito tênue entre essas três coisas, difícil de regulamentar, fácil de burlar. Tá bom. Se não dá pra distinguir consultoria de lobby e de tráfico de influência, dá pra distinguir os três de safadeza, não dá?

Acho que o Thor, filho do Eike Batista tem vários parafusos a menos. Se não, vejamos: um garoto de dezenove anos podre de rico que só sai de casa cercado por seis seguranças, que anda com um carro que custou mais de um milhão de dólares e saracoteia pra cima e pra baixo no jatinho da família, só pensa em malhar, trancou a faculdade no primeiro período porque era muito puxada, nunca leu um livro na vida, deu uma jóia de apenas sete mil reais à namorada pra não “parecer que estava ostentando”, acha que gastar numa night seis mil reais é pouco. Essa figura moradora de outro planeta diz que vai ser o sucessor do pai nas empresas… Sei não, se eu fosse o pai dele faria que nem a Rainha Elizabeth, não sairia do trono nunca!

Satisfeito com meus “achismos”? Não concorda? Tudo bem. Mesmo. Não vamos brigar por causa disso. Como disse Voltaire: “Posso não concordar com uma só palavra do que disse, mas defenderei até a morte o seu direito de dizê-lo.”

%d blogueiros gostam disto: