Fatinha

No Mercadão

In humor on 10/05/2011 at 8:39 PM

Querido Brógui,

Tive que comprar um novo para-brisa para o Tigrão. Fui vitimada por uma pedrinha residual da Operação Asfalto Liso da Prefeitura do Rio. Bem, o vidro fez crack e lá se foi. Para economizar uns bons reais, me mandei pra Madureira, onde além de mais em conta, ainda podia dividir o preju em duas vezes no cartão. Meno male.

Me despenquei pra lá, até que foi fácil, cheguei rapidinho. O rapaz falou que ia demorar uma horinha para fazer o serviço. Foram duas horas e meia, que só não me envelheceram porque fiz um programinha bacana: uma ida ao Mercadão de Madureira. Tem noção?

Tá querendo mudar de ramo e montar um restaurante? Vai lá. Tem panelas de todos os tipos e tamanhos, facas, facões, faquinhas, tabuleiros, formas, fogões, estufas, tudo.

Mas você não que montar um restaurante, nem botequim, nem sabe o caminho que leva até o fogão da sua casa. Ok. Uma oficina mecânica, uma marcenaria, uma vidraçaria? Vai lá. Tem todas as ferramentas necessárias e mais algumas que tenho certeza de que ninguém jamais precisou, nem deve servir pra coisa alguma.

Tá bem, você está carregado e quer artigos pra fazer um despacho. Vai lá. Tudo para macumba. Roupas, instrumentos musicais, incensos, imagens, livros. Não é a sua?

Já sei. Resolveu abrir uma casa de festas. Quer pagar seus pecados aturando crianças barulhentas todos os finais de semana de sua vida. Vai lá. Copinhos e pratinhos descartáveis, painéis decorativos, forminhas coloridas, papel de arroz para o bolo, toalhas de papel crepom. Se quiser mesmo cair dentro, tem uma loja só com ingredientes para docinhos, desde latas gigantescas de leite condensado até sacos igualmente gigantescos de granulados pra confeitar. Ainda não acertei?

Camelô. Você quer botar uma banquinha na porta do Metrô pra vender quinquilharias de papelaria. Vai lá. Compre réguas aos quilos, canetas, lápis, borrachas, toda a sorte de miudezas, cadernos, cadernetas bloquinhos. Tem medo do rapa?

Então que tal uma lojinha de brinquedos? Vai lá. Tem pra meninos, pra meninas. Tem no atacado, tem no cheque pré, tem por consignação. Pode comprar um de cada um pra testar a qualidade. Não, melhor não. Testar qualidade não é uma boa ideia.

Ervas. É isso! Você quer ser feirante. Vai lá. Tem cura pra tudo. Unha encravada, espinhela caída, mal de amor, tosse de cachorro, asma de gato. Pode beber, pode se banhar, pode mastigar. Pode tudo.

Açougue, peixaria, restaurante, animais vivos (coitados!)… Eu poderia ficar aqui mais algumas laudas fazendo o relatório porque lá realmente tem tudo e mais alguma coisa. Vai lá. É diversão garantida, mas sem seu dinheiro de volta. Ainda por cima é um prato cheio para um bom estudo antropológico. No banheiro, um cartaz acima da pia dizia: “Proibido molhar o cabelo, lavar os pés e apagar o cigarro.” Bizarro, não?

Trouxe quatro lapiseiras que me custaram R$ 1,70 (as quatro), um grampeador de R$ 0,99 (que funciona, já testei), uma sanduicheira de R$ 3,00 (que gruda o queijo-quente) e uma camiseta de R$ 5,00 (não sei se aguenta a máquina de lavar, depois eu conto). Também uma costureirinha pra levar nas minhas viagens e uns adesivos do Mickey. Pena que tinha que ir buscar o Tigrão na oficina, senão ia voltar pra casa com uma galinha de verdade, com penas e tudo!


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  1. Ai ai que pena que é longe da minha casa… vou ficar sonhando com esse mercadão!

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  2. Caraca, por que não me chamaste?????????????? Adoooooooooooooooooro!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

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  3. Fá, Mercadão é tudo de bom!

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FALAÊ!

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