Fatinha

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Fui a Galo e sobrevivi

In humor on 05/03/2011 at 7:07 PM

Querido Brógui,

Contrariando todos os prognósticos, compareci ao Galo da Madrugada, devidamente paramentada, animadíssima, mesmo com os dois joelhos bombardeados, à base de analgésicos.

Cheguei cedo, antes do bloco sair e consegui ver as alegorias, os passistas, os bonecos, tudinho. Não tirei fotos porque atendi à recomendação de não levar nada além do dinheiro enfiado na bermuda e a identidade pendurada no pescoço (por dentro da roupa, lógico). Fiquei embaixo de uma árvore e, quando Pri passou, segui atrás do bloco. É. Eu fui atrás do Galo, achando tudo lindo. Não fiz passo, mas também não fiz feio, levantei o dedinho indicador como todo bom pernambucano e caí pra dentro. Quando meu espírito carnavalesco cantou pra subir, me despedi dos companheiros e tomei o rumo de casa.

Aí, nesse momento, baixou em mim o espírito guerreiro-não-chora e encarei a turba. Na contramão. Pois é, Brógui, ir atrás do Galo é mole, dureza é sair do Galo na contramão. Todo mundo vindo e eu indo. Todo muito entrando e eu tentando sair. Todo mundo chegando e eu desesperada para ir embora. Foram momentos de muita luta, muita dor e sofrimento, colocando à prova meus joelhos e todos os músculos do meu corpo para não ser tragada pela multidão. Em determinado momento achei que iria sucumbir, quando fui imprensada num carrinho de mão e eu olhava em pânico para aquele ferro e imaginando ele penetrando nas minhas pernas.

Consegui chegar até a estação do metrô e, depois de “arrodear” um cercado que parecia não ter fim, comprei meu bilhete e, enquanto tomava uma Coca, fiquei olhando o povo chegar, chegar, chegar. Não parava de chegar gente e eu me lembrei que Bão e Sis iriam trazer as crianças para ver o bloco. Preocupada, só rezava para que eles tivessem o bom senso de chegar, olhar a confusão, arrodear e voltar pra casa.

Papai do Céu existe, acreditem. No meio do caminho pra casa, interceptei Irmão e gritei do outro lado da rua: “Tão indo pro Galo? Desistam que aquilo lá tá um inferno!” Contei em breves palavras o ocorrido e eles abortaram a missão. Salvei as criancinhas de um trauma que nem vinte anos de terapia iria curar.

Saldo do dia: foi ótimo. Brinquei no Galo, levei muita porrada, dei muita porrada, salvei meus familiares do holocausto e ainda tenho a honra de dizer o que poucos podem dizer: “Peguei o Galo na contramão e sobrevivi!”

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