Querido Brógui,
Não, não se trata daquela série nova que está sendo exibida, uma mistura de Arquivo X com 24 horas e Lost, ou seja, o maior samba do crioulo doido. Meu post de hoje é sobre o evento promovido pela Prefeitura do Rio de Janeiro em parceria com a Fundação Roberto Marinho para comemorar o sucesso do Projeto Autonomia Carioca. Ok, noves fora, realmente foi uma experiência bem sucedida.
Causou-me uma certa estranheza – como sempre me causa – a comemoração intempestiva. Quer dizer, a bem da verdade, o ano letivo não acabou, não demos por encerrado os trabalhos, o “nódulo” de História e Geografia ainda está pela metade, ainda não temos como certos os que serão promovidos, mas, ok, noves fora, a maioria vai rumo ao ensino médio – que Deus os tenha em bom lugar.
A Secretária de Educação se derreteu toda em elogios assim como a representante da FRM. Cumprimentou os alunos pela formatura no ensino fundamental. Formatura? Ninguém me disse que era formatura. Fui informada de que era uma festa de confraternização para os alunos e professores e etc participantes do Projeto. Meus alunos, que não são nem burros nem nada, ficaram com os olhinhos brilhando. Então é formatura? Acabou? Podemos ficar em casa? Não. O jogo só acaba quando EU der o apito final.
Então, ouvimos loas e mais loas. Ok, somos os melhores professores da rede. Ok, o sucesso do Projeto é devido à nossa dedicação, ao nosso sangue, às nossas lágrimas e nossos cabelos brancos e rugas e quilos a mais ou a menos. Ok, noves fora a vida pessoal inexistente no decorrer de um ano, somos lindos, gostosos, maravilhosos, crocantes e vitaminados e ainda fontes de ômega 3 e óleos essenciais. Mas, repito as perguntas que já fiz e ninguém da SME ainda me respondeu:
CADÊ MEU 14º SALÁRIO? CADÊ MEU PRÊMIO POR PRODUTIVIDADE? CADÊ O FAZ-ME-RIR, A GRANA, A BUFUNFA, O ARAME, O DINDIN, AQUELE QUE NÃO É TUDO MAS É 100%?
Hein? Mercenária? Eu? E quem é que vai pagar minha próxima viagem?
PS: alguém ainda sabe fazer noves fora?
PS2: essa edição é dedicada aos meus coleguinhas “quebradores de vidro”.
PS3: se quiser entender a referência acima, procure o livro infantil de Ruth Rocha, chamado Admirável Mundo Louco. A historinha chama-se “A escola de vidro”. Ou então pesquisa no Google. Ou então fica sem entender mesmo. hehehe