Fatinha

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Aliás e a propósito

In humor on 09/10/2010 at 5:21 AM

Querido Brógui,

Lendo – mais uma vez  – o manual de Direito Administrativo, coisinha básica com 1399 páginas, dei de cara – mais uma vez – com os princípios que regem a Administração Pública aqui na terrinha. Tá lá na nossa Constituição os postulados que inspiram o modo de agir dos agentes do Poder Público. O que eu mais gosto é o tal do princípio da moralidade, talvez por uma questão de formação, dentro dos estritos e restritos padrões do que deve ou não ser feito de acordo com o que é ou não correto.

De acordo com José dos Santos Carvalho Filho, ” o princípio da moralidade impõe que o administrador público não dispense os preceitos éticos que devem estar presentes em sua conduta. (…) também distinguir o que é honesto do que é desonesto.”

Querido Carvalhinho, cada vez que leio isso chego à mesma conclusão: não basta o sujeito distinguir o que é honesto do que é desonesto. O pulha sabe que é desonesto, sujo, que está fazendo um monte de bandalheira, roubando dinheiro das velhinhas, usando a máquina administrativa em proveito próprio, andando diariamente em cima do artigo 37 da Constituição da República. Ele sabe perfeitamente bem o que é ético, apenas decidiu não se conduzir de acordo com esse entendimento.

Todo pulha sabe que é pulha, assim como todos os pulhas do mundo se reconhecem e formam uma irmandade na qual, nessa sim, alguns princípios são bem definidos e respeitados. É que nem na máfia ou nas nossas modestas similares nacionais que controlam o tráfico nos morros cariocas. É por isso que os pulhas não se quebram nunca, entre eles há uma ética muito particular, que é o que mantém o sistema pulhal coeso.

Então, Querido Brógui, não basta erigir um valor ao patamar constitucional para que ele se torne uma prática. Se o sujeito resolver não ser probo, não vai ser mesmo e nem nossa legislação, nem nosso Judiciário, nem o Capitão Nascimento vai dar conta disso. O que dá conta? Educação. E não falo em educação nos bancos escolares, não. Falo daquela que se dá dentro de casa, daquela do exemplo, daquela que chama a atenção do moleque quando ele cai no desvio, daquela que ensina e convence a figura de que ser legal não é se dar bem, é ser do bem.

Aliás e a propósito, já ocorreram as eleições e nosso Congresso será renovado.

PS: Renovado?

Notícias do front

In humor on 09/10/2010 at 4:33 AM

Querido Brógui,

Envolvida com o santo ofício, o magistério, “ando meio desligada, já nem sinto meus pés no chão”. Não venho aqui, portanto, para reclamar, estou ainda sob o efeito da mensagem de Chico Xavier que recebi da Querida Dra. Consuelo. Acho que conhecem, mas caso não, é só pedir que eu mando depois.

Tem um pedaço do texto que fala sobre o destino, que é aquilo que construímos para nós. Sempre acreditei nisso, na nossa vida como fruto das nossas escolhas, sejam elas boas ou ruins. Sempre achei o maior barato aqueles filmes que trabalham em cima disso, começando pelo “De volta para o futuro”, passando pelo “Exterminador do Futuro” e culminando no agoniado “Efeito Borboleta”.

Por vezes me sinto presa a algumas armadilhas e tendo a ficar revoltex, querer dar porrada no primeiro que cruzar o meu caminho, já pensei até em ir morar num mosteiro budista pra me livrar das encrencas do dia a dia (desisti quando minha santa mãezinha me lembrou que mosteiro não é um spa). Passado o momento punk, vejo que metade das ciladas eu mesma armei para mim e a outra metade vem a reboque das não-ciladas, mas que deixam sequelas.

Profundo, não? Onde quero chegar com esse papo brabo?

Na conformação que nada tem a ver com acomodação e sim com aceitação.

Tô atolada porque tenho que dar aulas de matemática e mal sei a tabuada? Quem mandou aceitar trabalhar no projeto de aceleração? Agora, neguinha, entuba!

Meu cartão de crédito veio com uma conta estúpida? Quem mandou ficar deprimida e comprar um monte de porcarias das quais você não precisa? Agora, neguinha, entuba!

Deixei escapar aquele cara sensacional e agora ele está casado? Quem mandou ficar fazendo doce? Agora, entuba!

Tenho que fazer escova todos os dias? Quem mandou alisar o cabelo? Agora, entuba!

Lavar o carro dá trabalho? Então vende ele e entuba um coletivo!

Tô com dor muscular? Quem mandou ir pra academia e achar que a bunda ia levantar no mesmo dia? Entuba!

Ok, ok, as coisas não são tão simples assim. Ou melhor, elas são simples assim mesmo. A gente é que tem mania de complicar tudo.

O fato é que minhas escolhas me meteram em milhares de arapucas, mas, em compensação me trouxeram milhares de momentos felizes, engraçados e inesquecíveis. Trouxeram para a minha vida pessoas bacanérrimas, sabedoria, cabelos brancos, abraços mil e a sensação de que poderia ser tudo diferente, mas se não fosse como foi, eu não seria quem sou e não estaria aqui escrevendo para você, que, por sinal, também não teria entrado na minha vida.

 

 

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