Fatinha

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No RoNquinha

In humor on 19/10/2009 at 10:57 PM

roncaronca

Querido Brógui

Passada a ressaca do tiroteio, preciso lhe contar agora a ressaca da noitada de sábado. É, Brógui, nada como sair para dançar e desopilar o fígado, ainda mais 0800. Minha comadre conseguiu convites para o RoNquinha, festinha do Mauval, a qual compareço desde priscas eras.

Choveu praca durante o dia, mas, São Pedro deu uma trégua para os maluquinhos encararem a aventura de se meter na noite, debaixo de tiro. Todos os deuses estavam a nosso favor: não me perdi, encontrei uma vaga pertinho do local da festa, não tinha flanelinha e minha escova sobreviveu.

Fomos pegar os convites. Quem estava com a tal da lista amiga? Um amigo de academia. Confetes, confetes, sorrisos, sorrisos, ele pergunta: “Vocês não vão ver o show do Paralamas? Já começou.” Pois é, fizemos o sacrifício de assistir ao espetáculo, na cuspideira, antes do RoNquinha. Um aquecimentozinho honesto, música de primeira qualidade, sem contar que ver Herbert Vianna no palco é um milagre que sempre me emociona.

Subimos para a festa na varanda do MAM, lugar especialmente bonito. Maurício Valladares nos saudou com um “debaixo de uma chuva do ca*****, no meio da guerra civil, vamos a mais um RoNca RoNca. Tem apito na pista?”

Dancei até as pernas ficarem dormentes, me diverti horrores, gastei quase nada. O chato foi que perdemos uma hora de catarse por causa do maldito horário de verão, mas por outro lado talvez não tivesse saúde para agüentar tanta música boa, tanta gente divertida e tanta alegria, tudo de uma só vez.

Domingão, mal consegui levantar da cama. Não me rebelei. Depois da primeira tentativa, fui obrigada a me deitar de novo e dormir o resto do dia. Que desagradável!

PS: Essa edição é dedicada a Maurício Valladares, aos Paralamas do Sucesso, à minha comadre sempre animada Valerinha e, por último, mas não menos importante, a Evandro Rios.

Que venham as jandaias

In humor on 19/10/2009 at 1:24 AM

Querido Brógui

Quem mandou reclamar dos passarinhos e dos vizinhos no seu despertar cotidiano? Ontem você acordou com tiroteio e helicópteros sobrevoando Monkey Hill – tradução do The New York Times para nosso singelo Morro dos Macacos. Murphy avisou que sempre pode ser pior e você não acreditou.

Bem, segundo contam, parece que a Secretaria de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro também foi avisada que o pau ia comer no morro, mas não deu confiança. Ninguém viu um pequeno exército de cento e cinquenta bandidos se movimentando para invadir o Monkey Hill e tomar as bocas de fumo, como também nunca ninguém vê o armamento pesado e as drogas chegando – ao que me consta não existem indústrias bélicas no morro, nem plantações de maconha e similares. Dizem que, desde o ano passado, já havia sido apreendido um manual ensinando tintim por tintim com derrubar helicópteros e esse fato foi igualmente ignorado.

Passei ontem o dia inteiro atendendo a telefonemas de amigos preocupados querendo saber notícias da guerra civil. Vila Isabel entrou no mapa de uma hora para outra, não mais como um bairro boêmio, berço de Noel, Martinho, Mart’nália, Luiz Carlos da Vila e outros bambas, mas como palco de cenas de cinema de ação.

Mas, fique tranquilo, Querido Brógui, nada aconteceu aqui perto de casa. O bafafá foi do outro lado do Monkey Hill, daqui só eram ouvidos os barulhos. Não vi ônibus queimados, nem helicóptero caindo, nem policiais morrendo, nem gente correndo com criança no colo, nem precisei me esconder no corredor pra não achar uma bala perdida. Não tive meu carro roubado para servir de transporte para traficantes, não queimaram pneus na minha porta, nem precisei esconder bandido dentro de casa.

Desde ontem as jandaias não dão as caras por aqui. Estou sentindo falta do seu barulho.

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