Querido Brógui,
Fui incumbida de pegar os convites para as crianças assistirem a um evento infantil de gracê. Ok, tudo bem, madrinha tem que assumir os seus ônus. Como frequento a academia do shopping, até que não foi uma missão tão impossível assim, bastou sair cinco minutos antes da dez horas, atravessar o corredor e me postar na fila. Como as portas ainda não tinham sido abertas, fiquei sentadinha aguardando.
Quando o relógio marcou dez horas, os seguranças já estavam a postos, a equipe de recepção também e eu também. De repente, o chão começou a tremer, os lustres balançaram, as paredes racharam e ouvi uns gritos estridentes. Eram as crianças correndo para entrar na fila. Vindas de todos os lados, brotando do chão, caindo do teto, uma coisa assustadora.
Eu falei pro rapaz: “Pelo amor de Deus, me atende logo que eu quero sair daqui. Morro de medo de criança!!” Tarde demais, elas já haviam chegado.
Tadinhas, verdade seja dita: entraram na fila direitinho, nem me empurraram. Mais educadas que as mães que passavam por baixo da cordinha e do infeliz que entrou na minha frente na maior cara dura. Não, não armei barraco, tinha mais de um terminal para pegar a senha. Imagina se eu tivesse que me atracar com o cara que era o dobro do meu tamanho?
Peguei a senha e saí tranqüilamente, cantando enquanto olhava para os fedelhos na fila: “Eu te-nho, você não te-em! Eu te-nho, você não te-em!”