Fatinha

A decrepitude, o braço curto e o multifocal

In humor on 18/09/2009 at 7:57 AM

Querido Brógui,

Observando rigorosamente o método dedutivo – ou será indutivo? – finalmente cheguei à conclusão da minha tese acerca dos discretos sinais de envelhecimento. Nada a ver ficar mirando cabelos brancos, rugas e coisas afins. Refiro-me aos pequenos sinais, aqueles quase que imperceptíveis, mas não para mim. Minha teoria está amplamente embasada em observações de campo, documentada e agora será devidamente publicada.

Quando o ser humano (ou como meus alunos escrevem: serumano) está na sua fase madura (ou seja: pra lá dos quarenta) torna-se evidente uma limitação quanto ao tamanho dos seus membros superiores. Hã? É. Podemos entender a questão sob a ótica matemática: a distância necessária entre os olhos e os pequenos objetos obedecem a uma razão diretamente proporcional, ou seja, quanto mais velho for o cidadão, mais esticado deverá ser o braço. Compreendeu?

Se a criatura tiver a felicidade de já estar vivendo o segundo tempo do seu jogo, chegará a hora na qual, por mais que estique o braço, seu comprimento não dará conta de dar o foco na imagem. Isso acontecerá em especial em se tratando de bula de remédio, cardápio de restaurante, preço das mercadorias do supermercado e teclas do celular. Tá acompanhando meu raciocínio?

Veja bem (mesmo que precise usar óculos para isso): o problema não está nos olhos, está no tamanho do braço. Isso seria facilmente resolvido caso existisse uma prótese de extensão de braço, o que não existe, talvez porque seja muito mais prático, menos cansativo e mais inteligente carregar um singelo oclinhos na bolsa, a carregar um braço postiço. Isso desconsiderando o fato de que, quanto mais cegueta fosse a pessoa, maior seria o tamanho do trambolho.

Também poderíamos ser dotados da mesma capacidade que possui o homem-elástico do Quarteto Fantástico (ou a mulher-elástico de Os Incríveis). Assim, era só ir esticando, esticando, esticando… Nada de óculos, nem de extensores braçais.

Mas, o X da questão é que, o simples gesto de espichar o braço para ler, já denuncia a quantas anda a nossa decrepitude. Pelo tanto de esticamento, dá para se aplicar uma fórmula e calcular com precisão a idade de qualquer um (deve haver uma fórmula, não é? Tem fórmula pra tudo). É batata, como diria Nelson Rodrigues.

Por que eu estou publicando minha tese logo hoje? Porque ontem comprei meu primeiro multifocal. É um marco na minha vida e que custou os olhos da minha cara (não, custou muito mais do que isso, porque meus olhos não valem lá grande coisa). Escolhi um modelo bacaninha, pechinchei horrores, mas não consegui ainda me habituar com ideia de que a natureza me armou mais essa cilada.


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  1. Queridos Mônica, Édio e Ana Lúcia Bom ver que está todo mundo entregando o ouro e assumindo o bracinho de dinossauro. Agradeço o conselho-canguinha, mas, a minha patologia exige mais que um oclinhos de ponta de nariz (que até acho charmoso). Eu não enxergo nem de perto, nem de longe, nem de meia distância, nem de lente, nem de óculos, nem de combo lente-óculos, neco. Ainda assim, o fato é que meu olhar embaçado não me traz nenhuma limitação. Acho até que se o mundo fosse mais nítido para mim eu não o acharia tão divertido. Bjs Paz

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  2. Ana Lúcia,

    “10 real” tá caro…descobri um atacadão de óculos que vende a R$ 3,00-R$ 3,50…o “pobrema” é que tem que comprar 10 pares…a solução? Comprei os 10 e deixo um no escritório, outro no trabalho, outro no banheiro e assim vai…sendo assim, os óculos estão, como diria Herbert Vianna, “aonde quer que eu vá”…
    Espero ter contribuído (essa frase é terrível!!!)

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  3. Gastar dinheiro alto com óculos de leitura para quê? Vá ao camelódromo da Uruguaiana e compre um par com o seu grau por “10 real”. Há um modelos bem bacaninhas… Falo isso por experiência própria: após perder um par (o primeiro, feito em ótica, tudo nos conformes, hastes em arame flexível, caaaaaaaro, etc e tal), comprei um par no camelódromo, não o perdi ainda e nem fiquei cega (ainda?).

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