Fatinha

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Que que cê vai fazer no carnaval?

In humor on 18/02/2009 at 5:20 AM

         Querido Brógui

 

         Cá estou eu, de joelhos a suplicar que o mundo pare de perguntar o que vou fazer no carnaval.

         Nada. Nadinha mesmo. Neco.

         Não vou viajar para a Região dos Lagos pra ter que acordar às cinco horas da manhã se quiser comprar um pão francês pro café, encarar engarrafamento para ir a uma praia mais legalzinha e quando chegar lá ter o desprazer de verificar que todo mundo teve a mesma idéia e ainda ser obrigada a cair na porrada pra conseguir estender metade da canga na areia ao lado de uma família com cinco crianças mal educadas cujo único objetivo na vida e aporrinhar o juízo de quem optou por não ter filhos.

         Não vou seguir o roteiro dos blocos da Zona Sul, disputando cada centímetro do asfalto com bêbados inconvenientes, mulheres desinibidas, pisando na urina alheia, tomando latada na cabeça, trocando fluídos corporais com que não conheço e depois voltar pra casa com a sensação de que um trator passou por cima de mim. Isso sem falar no tal do spray de espuma, que foi proibido por ser tóxico, mas que soube eu que continua a ser vendido por força de uma liminar ganha pelos fabricantes do dito cujo. (Quando forem julgar o mérito da ação, acabou o carnaval e tá tudo certo.)

         Não vou ver o desfile das escolas de samba pela televisão, porque não estou interessada em conhecer os recônditos mais profundos da anatomia das rainhas de bateria. Se ao menos pudesse visualizar o desfile, as fantasias, ainda que achando tudo isso de uma cafonice impar, eu faria o sacrifício, mas ser obrigada a ver o que uma mulher é capaz de fazer com seu próprio corpo apenas pelos tais quinze minutos de fama, é demais pra mim.

         Não vou ver a cobertura dos bailes de carnaval, nem do povo se atracando nos blocos de Salvador, nem pulando nas ladeiras de Olinda. Fico agoniada só em me imaginar ali.

         Você gosta de carnaval? Bom pra você. Cai dentro, se acabe, perca as unhas do dedão do pé como minha prima perde todos os anos, feliz da vida. Mas, pelamordedeus, não me chame.

Agora, se você for uma avis rara como eu e decidir aproveitar a semana momesca pegando um cineminha, uma praia cedinho naquele horário em que os bebuns estão curtindo a ressaca, almoçar tranqüilamente um japa e virar fumaça ao primeiro toque do tamborim, é só me ligar. Tô dentro.

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