Fatinha

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A que ponto cheguei

In humor on 03/01/2009 at 7:34 AM

Querido Brógui

A que ponto cheguei! Tô no fundo do poço mesmo.
Ontem à noite, devorando um prato de rabanadas com Coca-Cola (light, para não engordar), liguei a televisão da cozinha. Como ela só pega os canais convencionais e não tem controle remoto, a preguiça de mudar de estação me fez deixar onde estava mesmo. Sabe o que foi que eu fiquei assistindo? Rede TV, trazendo o seu carro-chefe: Superpop com Luciana Gimenez. Trash total, comparável ao “Ataque dos tomates assassinos” e à novela dos mutantes. Tem noção?
Pois bem, sei que você, como alma caridosa que é, deve estar me desculpando, dizendo assim: “Ah! Já tava nesse canal, tudo bem, foram só alguns minutos de imbecilização…” Obrigada pela gentileza e pelo voto de confiança no meu bom gosto, mas não foi bem assim que aconteceu. Quando acabei de comer, fui para a sala e CONTINUEI A VER O TAL PROGRAMA!!!!! Fui sugada para o mundo maravilhoso do “funk”. Era um especial, o primeiro do ano e, por isso, ela convidou as “celebridades” para darem o ar de sua (des)graça.
O programa começou com ela rendendo homenagens à Mulher-melancia, que agora “canta” e estava divulgando seu novo “trabalho”, uma música cujo refrão, de dificílima memorização, é “vai, vai, vai, vai, vai, vai, vai, vai” e por aí vai.
Em seguida, em uma retrospectiva dos melhores momentos do programa, uma reportagem sobre uma dona da qual não gravei o nome, portadora dos maiores peitos da América Latina, além do menor cérebro do Sistema Solar. Está no Guiness Book. A pobre coitada queixava-se da dificuldade de executar pequenas tarefas, como escovar os dentes, porque babava nos peitos. Aí a câmera a mostrou babando e a baba entrando pelo decote. Visualizou?
Segue o show de horrores com a apresentação da Princesa e o Plebeu, uma dupla formada por um negão e uma loura gostosona “vestida” com um biquíni bordado com pedrinhas imitando diamantes. Luciana achou o figurino lindíssimo e a Princesa forneceu o nome e o telefone do seu “estilista”. Não sei o que eles “cantaram”.
No próximo bloco, entra a Mulher-pêra, mostrando como se faz um bronzeamento artificial. Muito instrutivo, inclusive a parte em que ela tira a parte de cima do biquíni pra mostrar a marquinha, mas, toda pudica, coloca os dedinhos em cima dos mamilos.
Entra então uma figura assustadora, chamada MC Catra. Indescritível. Ou o cara tinha acabado de se drogar ou nasceu enrolado no cordão umbilical e ficou sequelado. Sua participação especial foi explicar a diferença entre “poposudas”, “preparadas”, “potrancas”, “cachorras”, “buchas”, “tchutchucas”, “glamourosas” e outros adjetivos nada sexistas criados por ele e dos quais morre de orgulho. Luciana aplaudiu, extasiada.
Estando o rol dos convidados completo, ficou um revezamento de bundas, batidas de “funk” com letras oligofrênicas, mais bundas, propaganda de produtos de emagrecimento, diálogos esquisofrênicos, bundas e só.
Não vi o programa até o final, Querido Brógui. Nunca desprezo o poder da lavagem cerebral. Desliguei a televisão e fui ler Gabriel Garcia Márquez, excelente antídoto para qualquer exposição acidental à idiotice.

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