Fatinha

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MC Créu, a revanche

In Sem categoria on 13/04/2008 at 11:03 AM

Querido Brógui

Após um dia exaustivo domesticando adolescentes, pré-adolescentes e congêneres, sento-me para estudar na agradável varandinha da UERJ, com vista para o morro da Mangueira. Sempre começo a estudar cantarolando: “Madrugada lá no morro que beleza, ninguém sofre, não há tristeza, ninguém sente dissabor…” Pobre Cartola, ainda bem que não está vivo para ver no que se transformou sua amada Mangueira.
Mas não é isso que venho contar.
Lá pelas tantas, começam a arrumar a Concha Acústica. Vai rolar um show com Tereza Cristina e o Grupo Semente. Para quem não conhece, é samba da melhor qualidade. Fico até animadinha. Imagina só: eu, atracada com o caderno de Processo Penal, ouvindo um sambinha? Nota dez.
Mas, como a felicidade para os cornos é coisa breve, um tal DJ coloca uma musiquinha pra esquentar a galera. Você deve estar pensando que música pra esquentar um show de samba deve ser… samba. Engano seu. Tome funk-favela, aquele gênero musical cujas letras são ininteligíveis já que os pretensos intérpretes das pérolas têm uma dicção impossível. Isso se desconsiderarmos o fato de serem desafinados até quando estão calados.
Graças a Deus, consigo blindar os meus ouvidos e continuo a ler o caderno. Porém, uma das “músicas” furou a blindagem e entrou tímpanos adentro sem cerimônia. A “cantora” berrava sem parar: “Eu tô solteiraaaaaaaaaaaaa!!!! Eu tô solteiraaaaaaaaaaaaa!!!! Eu tô solteiraaaaaaaaaaaaa!!!!”.
Fala sério. Com uma voz daquela, não é de se surpreender que esteja solteira. Aí ela começou a gritar mais alto: “Eu sou gostosaaaaaaaaaaaaaaaaaaa!!!!! Eu sou gostosaaaaaaaaaaaaaaaaaaa!!!!! Eu sou gostosaaaaaaaaaaaaaaaaaaa!!!!!”
Fala sério. Esse é o ápice da auto-estima. Uma criatura dessa jamais precisará de terapia. Tem coragem de gravar um CD sem saber cantar e ainda ficar anunciando a plenos pulmões seus dotes calipígeos.
Como eu estava muito interessada no show, permaneci firme e forte sentadinha no meu camarote, lendo tudo o que você sempre quis saber sobre inquérito policial e nunca teve coragem de perguntar. E tome funk-favela. Pensei eu: “Esse DJ não vai conseguir me expulsar daqui.”
Bem, ele conseguiu. Meteu um MC Créu nas minhas idéias e isso eu não tive capacidade de suportar. Sinto muito, Tereza Cristina, da próxima vez escolha melhor o DJ.

Defendendo a loura burra

In Sem categoria on 13/04/2008 at 10:54 AM

Querido Brógui,

Recebi um vídeo que mostrava uma candidata a Miss EUA sendo argüida naquela fase de conhecimentos gerais. Por acaso a moça era uma lourinha, padrão Barbie (na boa, não estou aqui pra fazer aquela velha piadinha da loura burra, estou aqui para defender a loura burra). A pergunta era algo relacionado ao mapa dos EUA.
A pobre sacou aquele sorriso de bolso e num esforço hercúleo falou exaustivamente por 47 segundos. Ela não tinha a menor noção do que ia dizer e não disse mesmo.
O que me leva a levantar a bandeira pró-loura burra é que a mocinha era candidata a que? A Miss. O que se tem que avaliar num concurso de beleza? A beleza. Então porque raios fizeram uma pergunta tão difícil para essa criatura que pretende apenas ser a mais bonita da América, quiçá do mundo?
Acho absolutamente despropositada essa tal prova de conhecimentos gerais em um concurso de Miss. Comparativamente, seria como fazer um concurso pra fiscal de renda e pedir ao candidato que, na fase de títulos, apresentasse um book. Qual é a relevância disso para a pretensão do cara? Nenhuma. Qual é relevância disso para a função que o cara vai desempenhar? Nenhuma. Então, porque a Barbie tem que conhecer o mapa do seu próprio país? Tudo bem que o mínimo que se pode querer de um americano é que conheça ao menos a configuração física do seu país (abstraindo-se o fato de que os americanos estão cagando pro resto do mundo e sendo assim o mapa do resto não é mesmo importante), mas convenhamos que isso não faz a menor diferença nesse tipo de certame.
O que poderia ser perguntado para as candidatas, seria algo que se relacionasse diretamente com o objetivo do concurso, coisas mais importantes como: qual é a melhor tinta descolorante para os cabelos, qual são as consequências do super aquecimento do planeta para o envelhecimento da pele (Não. Essa não. É muito difícil, até porque os americanos também estão cagando para o aquecimento global). Mas poderia ser perguntado que esmalte ela usa, quem foi o estilista que desenhou o vestido dela, se o implante de silicone dela lhe permite burlar os efeitos da lei da gravidade (Não, essa também é difícil, ela pode não conhecer Newton e defender a revogação dessa lei injusta).
De qualquer forma, é a maior maldade querer arrancar da Barbie detalhes sobre o livro que ela leu e mais gostou, porque ela simplesmente não tem tempo pra ler, ficar bonita é coisa que demanda muitas horas de dedicação exclusiva. Toda mulher sabe disso. Não dá pra ter uma beleza irretocável e ainda querer discutir Sartre.
Fica aqui o meu protesto contra as pessoas cruéis que ficam divulgando imagens da Barbie falando merda. Sejam mais humanos, mostrem só a imagem, porque é isso o que ela tem a oferecer. Ninguém dá aquilo que não tem.

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