Querido Brógui,
Então, só pra constar:
Não, eu não vi Tropa de Elite assim como não li Elite da Tropa. Não vi a cópia pirata de cinco, nem a de dez reais. Não vi no cinema também.
Não, eu não participo de nenhum grupo de debate acerca da existência ou não de ética no comportamento do Capitão Nascimento e me recuso a aplaudir a barbárie como única forma de controle da própria barbárie.
Não, eu não vou ao cinema para ver a realidade do Rio, porque tô de realidade até aqui. Quero ver o Mágico de Oz.
Pronto. Agora dá pra parar de comentar esse filme como se fosse a oitava maravilha do mundo moderno, imprescindível para a existência sadia de uma pessoa? Não sei se é bom, ruim, não quero saber, não vi e não vou ver em sinal de protesto, só porque todo mundo viu e quem não viu vai ver. Vou erguer em volta de mim uma barreira de resistência. Excluo-me acintosamente de qualquer conversa que mencione esse filme e ponto final.
A bem da verdade minha rebeldia não conseguiu erguer uma barreira suficientemente alta. Ontem no RoncaRonca ouvi a música-tema do maldito filme, dancei a música-tema do maldito filme e estou cantando a música-tema do maldito filme: "Tropa de Elite, pega um pega geral!”. Só lembro desse pedaço. Escapei do maldito filme, mas não escapei da maldita musiquinha. Só espero que essa mensagem subliminar não me conduza em estado hipnótico até o cinema.